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OLINDA - O centenário do pai, Nelson Rodrigues, faz Nelson Rodrigues Filho externar um problema familiar. A mãe, Edna Rodrigues, enfrenta, aos 94 anos, problemas financeiros, uma vez que a sentença judicial tirou dela recebimentos de direitos autorais do autor.
Com sua longa barba e participando de debate na Feira Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), Nelsinho lembrou que a mãe chegou a vender quase todos os bens para a montagem teatral de “A Falecida”. “Não tínhamos a Lei Rouanet naquele tempo”, disse o filho de Nelso Rodrigues.
A atriz Lucélia Santos, que fez o filme “Bonitinha, mas Ordinária”, e os cineastas Braz Chediak e Neville de Almeida lembraram a obra literária, teatral e cinematográfica do “gênio” da criação, como é chamado. Neville prometeu filmar “A Senhora dos Afogados” em Pernambuco e aproveitou o palco em Olinda para convidar Lucélia Santos para o papel.
“Quero fazer essa peça e depois o filme”, disse Lucélia, que se reconhece no universo rodriguiano e está em cartaz no teatro com “A Falecida”. “Circulo com naturalidade nessa dicotomia das personagens”.
Braz Chediak, que dirigiu no cinema “Bonitinha, mas ordinária”, ressaltou o valor literário da obra de Nelson Rodrigues. “Ele despiu a palavra, colocou a palavra exata no momento exato”.
Nelsinho Rodrigues gostou tanto da participação na Fliporto que estendeu para amanhã seu retorno ao Rio. Para ele, o centenário do nascimento do pai está servindo para lembrar a obra e também os métodos de trabalho do pai. “Ele ligava às 2, 3 horas da manhã para as atrizes que faziam seus filmes”.
Lucélia Santos lembrou que num desses telefones, Nelson Rodrigues perguntou se ela ainda estava casada, dizendo que suas atrizes sempre se separavam após fazer seus filmes e peças teatrais, em razão do realismo e sensualidade nas cenas de sexo.
(*) A repórter viajou a convite da Fliporto