Obra gráfica de Millôr é revisitada em publicação do Instituto Moreira Salles

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
30/04/2016 às 16:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:13
 (Reprodução)

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Dono de um estilo único e multifacetado, o desenhista, dramaturgo e escritor carioca Milton Viola Fernandes (1923-2012), o Millôr, deixou uma obra com mais de 7.500 desenhos. A voz gráfica do artista que se definia mesmo como jornalista pode ser revisitada na publicação “Millôr: Obra Gráfica”, lançada pelo Instituto Moreira Salles (IMS) em meados de abril.

O livro traz 500 obras originais com o inconfundível espírito criativo e crítico de Millôr. Esta é primeira retrospectiva dedicada aos desenhos do humorista. “As pessoas que já conhecem o trabalho dele encontrarão uma memória mais organizada. Para aqueles que não conhecem Millôr, trazemos um recorte agradável e nada engessado”, comenta a coordenadora do setor de iconografias do IMS, Julia Kovensky, que assina a curadoria ao lado do editor e professor universitário Paulo Roberto Pires, e do cartunista Cássio Loredano. 

Tempo próprio

Sem nenhum compromisso cronológico, o livro foi dividido em cinco eixos temáticos: “Millôr por Millôr”, “Pif-Paf” – seção que ele manteve na revista “O Cruzeiro” entre 1945 e 1963 –, “Brasil”, “Condição Humana” e “À Mão Livre”. “Ao longo dos 70 anos de carreira tinham temas recorrentes em suas obras, como casamento, corrupção, política, Deus, entre outros, independentemente da época. Por isso não dava para fazer algo cronológico, e sim temático”, justifica Kovensky. 

Com um poder de síntese inacreditável, Millôr também ficou conhecido como um grande frasista e muitas pessoas comentam a atualidade de sua obra e críticas ao país. “A questão de suas frases e desenhos serem tão atuais talvez nos aponte que o Brasil também não muda tanto”, argumenta a curadora. 

Além de reproduzir os originais, o volume de 288 páginas traz ensaios críticos e uma cronologia de vida e obra do artista.

O acervo de Millôr chegou às mãos do IMS em 2013, e a publicação vem acompanhada de uma exposição homônima, em cartaz na capital carioca até o dia 21/8. A ideia é que ela seja itinerante. “Queremos levá-la para o máximo de lugares possível. Temos uma sede em Poços de Caldas, no interior de Minas, que com certeza vai receber a exposição. Por enquanto nada ainda está definido, mas queremos colocar BH nessa rota”, salienta Kovensky.

Outras publicações

Esta não é a única publicação do IMS que se dedica a trazer obras fotográficas e ensaios literários por meio das revistas “Zum” e “Serrote”. Recentemente a “Zum” trouxe a edição comemorativa “#10” que presenteia o leitor com uma série inédita de Odires Mlászho com fotografias de guerra; os experimentos fotográficos de José Oiticica, um dos nomes mais importantes da arte brasileira; e a série “As Irmãs Brown”, desenvolvida há mais de 40 anos pelo americano Nicholas Nixon.

Outro assunto da edição é o “Canal Motoboy”, projeto desenvolvido pelo artista espanhol Antoni Abad entre 2004 e 2015. Na versão brasileira, o artista entregou celulares com câmera a motoboys de São Paulo para que registrassem sua rotina. O projeto objetiva dar visibilidade e redefinir alguns estereótipos.

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