Livro aborda brasileiro que lutou no exército alemão

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
29/10/2016 às 21:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:26
 (Maguy De Caux / Divulgação)

(Maguy De Caux / Divulgação)

Na década de 1930, o pequeno Horst Brenke tinha uma vida normal em Belo Horizonte. Estudava no Colégio Arnaldo e vivia em boa casa na rua Aimorés. Mas as notícias de prosperidade que chegavam da Alemanha fizeram com que os pais dele quisessem retornar à terra natal. Anos depois, ainda muito jovem, esse brasileiro sairia de casa para comprar pão e acabaria obrigado a entrar no exército alemão e viver os terrores da guerra. Essa história é relatada no livro “Era Um Garoto – O Soldado Brasileiro de Hitler” (Vestígio), que acaba de ser lançado pelo jornalista mineiro Tarcísio Badaró. A principal fonte histórica para a construção da narrativa é o diário que Horst escreveu ao longo da juventude.  pesquisa“A primeira etapa foi trabalhar no diário. Recuperá-lo, digitalizá-lo, traduzi-lo e, claro, lê-lo. Com isso em mãos, fui entrevistar as pessoas que conheceram o personagem. Ao mesmo tempo, contatava arquivos brasileiros e alemães, levantando a arqueologia da família”, diz o autor, que também foi à Alemanha e à Rússia, onde o personagem ficou preso em 1945. “Sobre a infância de Horst em Belo Horizonte, tive a sorte de o melhor amigo dele ainda estar vivo e lúcido. Ele foi peça fundamental nessa busca”.A maior preocupação de Tarcísio foi se cercar o máximo possível de informações precisas. “Só depois me preocupei com a melhor forma de contar a história. Neste ponto, meu embate era me certificar de que as técnicas narrativas fossem apenas ferramentas para a história, que servissem à investigação jornalística e nunca o contrário”, diz Tarcísio, que deixa claro ao longo do livros cada um de seus passos como pesquisador. diárioA história chegou a Tarcísio por um feliz acaso. Uma amiga comentou sobre a existência do diário de um brasileiro que lutou pelo Exército Alemão e que, incrivelmente, ninguém da família havia lido o conteúdo. “A surpresa com a história que nunca havia sido ouvida, mesmo 30 anos após a morte do protagonista, me atraiu tanto quanto a óbvia relevância histórica do objeto. Fui conferir. Depois de traduzir o diário, me dei conta da força da história”, afirma.Para Tarcísio, os diários de guerra têm um componente precioso: a ausência de ressignificação. “São relatos crus, imediatos, sem os filtros e distorções que o passar do tempo e a memória costumam agregar. O de Horst não foge à regra. Além disso, Horst era um tenaz observador, detalhista e talentoso. Seu relato é rico tanto de informações quanto de revelações”.

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