Livro infantil e peça de teatro reforçam a importância da inclusão social

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
29/03/2016 às 16:58.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:41
 (DIVULGAÇÃO)

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Promover a inclusão social e cultural de pessoas com deficiência. Esse é o principal objetivo de duas obras que já têm data para chegar a Belo Horizonte.

A primeira é o livro infantil “Missy: Uma História de Amor”, da escritora mineira Izabella Menicucci Badra, que será laçado esta noite no Pátio Savassi.

A outra é o espetáculo “#broncadequê?”, dirigido por Ernesto Piccolo. Em cartaz na próxima semana no Teatro Bradesco, a peça traz um outro olhar sobre os jovens com Síndrome de Down.

Izabella Badra conta que nunca tinha pensado em escrever um livro, até a chegada da cadela Missy em sua casa.

“Ficava vendo meus filhos brincando com a Missy, quando a Bebel, minha filha, me chamou para ver como eram macias as orelhinhas da cachorrinha, pois pareciam de camurça e disse: ‘Missy, quando você morrer vou fazer uma bolsinha das suas orelhinhas’”, recorda

A fala da filha foi como um estalo para Izabella, que, naquele momento, decidiu contar a história de Missy para outras crianças, incluindo aquelas que possuem deficiência visual.

Inovador

Entre os diferenciais do livro, letras ampliadas e a inclusão de braile, audiodescrição, texturas e aroma. Além disso, o projeto também pode ser compreendido pelos pequenos com deficiência auditiva, pois conta com versão na língua brasileira de sinais (Libras), disponível em Qrcode.

Com essas credenciais, a publicação faz coro à bandeira da inclusão social. “As crianças com ou sem deficiência visual podem ler juntas. Existe o texto impresso e o braile sobre o texto. Isso mostra que podemos ler de maneiras diferentes o mesmo assunto”.

Segundo a escritora, trata-se de uma proposta inovadora. “Não existe livro de leitura 100% inclusiva no Brasil”

O retorno, conta Izabella, não poderia ser melhor. “Doei alguns livros para uma escola de surdos e as crianças estão encantadas com Missy, pois não existia até então livros para deficientes auditivos”, frisa.

Estreia com o pé direito

Estreante no mundo da literatura, Izabella já pensa em escrever mais um livro e sonha em criar o que seria uma espécie de fazenda da Missy – um lugar para as crianças interagirem com a natureza, com os animais e que usasse dos sentidos para promover a inclusão.

“Quero levar o livro para todas as escolas, não só as que trabalham exclusivamente com a deficiência. (A ideia é) que todas as crianças possam conviver com o amiguinho ‘diferente’, pois assim crescerão adultos melhores, sem discriminar o outro”, finaliza.

Comédia juvenil traz personagem com Down

O que acontece quando quatro jovens se encontram com um rapaz com Síndrome de Down? Se aventuram numa noite regada a balada, romance, serenata e diversão! É nesse cenário que se passa a comédia juvenil #broncadequê?, que programa duas sessões no Teatro Bradesco, em abril.

O diretor Ernesto Piccolo explica que, no começo, a peça com texto de Rogério Blat tinha uma abordagem muito “água com açúcar”, até ele se lembrar do ator Pedro Baião.

Na trama, Pedro vive Guilherme, que, assim como ele, tem Síndrome de Down. O grupo de amigos o conhece quando decide ir a uma passeata intitulada de “Liberdade Down”.

A iniciativa é um fracasso, pois somente os cinco aparecem. A partir daí, a trama passa a levantar questões como o preconceito, a dificuldade e os sonhos daqueles que são considerados especiais.

“O Guilherme entra dançando no palco, ele quer liberdade para fazer o que quiser. E, como muitas pessoas, ele é abordado pelo grupo que diz: ‘e-i, t-u-d-o- b-e-m?’"

E o Guilherme responde dizendo que não sabem porque eles estão falando daquela maneira. Muitos acham que as pessoas com deficiência são incapazes, mas estão equivocadas”, afirma o diretor.

Pedro é exemplo vivo disso. Piccolo conta que o ator foi o mais profissional de toda a equipe. “Ele chegava sempre na hora. Na primeira semana, já tinha o texto todo decorado”.

Conforme Piccolo, o espetáculo tem recebido “lindas manifestações do público”. “Teve um (espectador com Down) que subiu no palco para falar da importância da peça para ele. Muitos ficam também esperando para conversar com o elenco depois da apresentação”.Nana Moraes/divulgação / N/A

Os atores Theo Nogueira, Lorena Comparato, Pedro Baião, Karina Ramil e Darlan Cunha

CCBB BH mantém programação para deficientes auditivos

O CCBB BH (Praça da Liberdade, 450) conta com uma programação fixa para as pessoas que possuem deficiência auditiva. Com faixas acessíveis em Libras, a iniciativa teve início no fim de 2015 e é formada por três atividades diferentes.

Uma delas é a visita mediada, na qual o público é convidado a refletir junto aos educadores – acontece sempre aos sábados, às 15h.

No mesmo dia, às 14h, tem o “Em Cantos e Contos”. Nesta atividade, é possível viajar por histórias que se entrelaçam com o patrimônio do CCBB ou a exposição em cartaz.

E às sexta-feiras, às 18h, é realizada a visita teatralizada, conduzida por um personagem de época que aborda a história do prédio histórico.

A próxima edição da Virada Cultural de BH está com inscrições abertas, até 3 de abril, também para artistas com deficiência que queiram participar do evento, nos dias 9 e 10 de julho. Acesse: viradaculturalbh.com.br.

Serviço:

Lançamento do livro “Missy: Uma História de Amor”. Hoje, às 19h, na Leitura do Pátio Savassi (av. do Contorno 6061).

#broncadequê – Dias 8 e 9 de abril, respectivamente, às 21h e 19h, no Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2244). R$ 40 e R$ 20 (meia).

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