Márcia Tiburi discute a política na era do ridículo

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
14/08/2017 às 17:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:04
 (Daniel Bianchini /Divulgação)

(Daniel Bianchini /Divulgação)

Como Donald Trump se tornou presidente dos Estados Unidos? Como é possível que certos personagens que se apresentam de formas ridículas se empoderem a partir disso? Essas são algumas das questões que permeiam “Ridículo Político – Uma Investigação Sobre o Risível, a Manipulação da Imagem e o Esteticamente Correto”, livro da escritora e filósofa Márcia Tiburi, que será lançado amanhã em Belo Horizonte.

Tiburi conta que a ideia de escrever a obra surgiu há algum tempo. “Eu quis discutir qual o efeito que as cenas ridículas têm sobre a população e como é possível que os protagonistas delas cheguem tão longe com esse tipo de expressão”, afirma. “Criei o termo de ‘ridículo político’ para oferecer uma categoria de análise que nos permitisse compreender esse momento de ascensão do patético, do preconceito, daquilo que seria historicamente vergonhoso e hoje vira motivo de elogio”.

Segundo a autora, não faltam exemplos de cenas em que prevalecem essa noção, mas ela aponta a votação do impeachment de Dilma Rousseff (episódio que ganha um capítulo na obra) como um exemplo emblemático desse contexto. “Os discursos feitos pela maioria dos deputados causaram mais do que um incômodo, um desconforto e uma vergonha nas pessoas. Até mesmo quem não se importa com a política achou aquela cena muito vergonhosa. Aquilo foi um bom exemplo do ridículo”, ilustra.

Embora este episódio possa sugerir o despreparo dos políticos – abafado pelo bradar de frases e valores clichês– a autora acredita que esse tipo de atitude está longe de ser inocente ou impensada. “O discurso preconceituoso, o discurso do ignorante, da estupidez, capitaliza politicamente esses indivíduos. O sujeito não fala essas asneiras apenas porque ele não sabe falar algo além disso. Ele percebeu que quanto mais estúpido ele parecer, mais ele capitaliza, e atrai também as pessoas que não gostam de política”.

Através de exemplos retirados do cenário político brasileiro – como a carta de Michel Temer em que se denominava o vice decorativo – a autora atenta para aquilo que ela acredita ser a grande questão de todas essas mudanças. “Nesse livro eu tentei alertar para o fato de que a produção cênica do ridículo serve para afastar as pessoas da política”.

Serviço: Sempre Um Papo com Márcia Tiburi no Auditório da Cemig (rua Alvarenga Peixoto, 1200 – Santo Agostinho), amanhã às 19h30. Entrada gratuita.

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