Festa ‘Divina Maravilhosa’ traz Elza Soares e se volta ao feminismo

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
11/05/2017 às 18:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:31

“Eles nos chamam de minoria, né? As feministas, os gays, os negros. Tudo que seja diferente deles, consideram minoria. Ah, meu bem, mas quando essa ‘minoria’ toda se junta, faz barulho, vai para a rua, arma uma festa... Aí viramos maioria, ocupamos o país e mudamos o mundo”. A reflexão é da cantora carioca Elza Soares, ícone da música brasileira e da combatividade da mulher negra. Quando diz sobre “armar uma festa”, Elza se refere à “Divina Maravilhosa”, cuja quarta edição acontece nesta sexta-feira (12), na Serraria Souza Pinto.

Voltada às questões de gênero e à cultura queer, a festa traz um line-up musicalmente diverso. Além de Elza, que divide o palco com o mineiro Marcelo Veronez, se apresentam duas rimadoras que usam da arte para lutar contra o machismo, a homofobia e a transfobia: a carioca MC Carol e a paulista Linn da Quebrada. A programação ainda conta com o coletivo de artes cênicas Toda Deseo, o bloco carnavalesco Alô Abacaxi e a Disputa Nervosa, batalha de passinhos realizada pelo centro cultural Lá da Favelinha, do Aglomerado da Serra.

“A festa nasceu em 2015, com foco na representatividade. Queríamos, mostrar toda a capacidade produtiva feminina e LGBT, dando espaço para essas figuras exercerem suas funções criativas”, conta a produtora Gigi Favacho. “Quando a gente se assume como uma festa que fala de gênero, sexualidade e liberdade estamos falando, sobretudo, de respeito e tolerância”, pontua, lembrando que o evento já trouxe nomes como Liniker e Johnny Hooker.

Militância

Favacho explica que, nesta edição, a “Divina Maravilhosa” mira, principalmente, a luta feminista. “Desde o início, a temática LGBT era muito forte. Agora, abarcamos mais o feminismo e, naturalmente, a questão racial. Quando falamos de militância, essas pautas se cruzam. Precisamos estar lado a lado”.Victor Galvão/Divulgação

MARCELO VERONEZ – Show com Elza Soares na Serraria Souza Pinto é um pré-lançamento de “Narciso Deu Um Grito”, primeiro disco do artista mineiro

Queridinho da cena queer de BH, Veronez concorda: “A festa, agora, se abre para outros combates. A questão LGBT eu experiencio todos os dias. Mas, quando falamos de feminismo negro, por exemplo, é um contexto em que não estou inserido. Por isso, me emociono de estar com essas mulheres tão poderosas, que superaram muito preconceito para chegarem onde estão”, diz.

Veronez adianta que o show será dividido em duas partes. “Vamos fazer seis músicas do disco e seis músicas do repertório da Elza. Seriam quatro, mas ela se empolgou tanto com a festa que pediu mais duas”, conta, revelando que as escolhidas foram “Espumas ao Vento” e “Volta Por Cima”.

“Começo a capela, cantando alguns sucessos de ‘A Mulher do Fim do Mundo’. Depois, divido outros clássicos da minha carreira com o Veronez. O show é dele, eu sou a convidada”, pontua Elza, refletindo sobre a ansiedade que precede o grande momento. “Sabe que já começou a bater um frio na barriga, cara? A vida toda foi assim. O dia que deixar de sentir isso às vésperas do show, eu terei perdido a paixão pelo palco”.

Serviço: “Divina Maravilhosa” – Dia 12/5, sexta, às 21h, na Serraria Souza Pinto (av. Assis Chateaubriand, 809, Centro). Ingressos: R$ 100, R$ 50 (meia) e R$ 55 (solidário, com doação de R$ 5 para o Lá da Favelinha).

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