Makely apresenta repertório do álbum “Cavalo Motor” no teatro Bradesco

Hoje em Dia
24/04/2015 às 07:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:45
 (Marco Antonio Júnior)

(Marco Antonio Júnior)

“Alma tem quer ser coisa inteira supremada”, escreve Guimarães Rosa, em seu icônico “Grande Sertão: Veredas”. Há quem diga que o título, mais que tratar de um bioma, fala sobre ser, que tem que ser “coisa inteira”. E que, para sê-lo, demanda uma travessia. Esse é o mote da história de Riobaldo, que inspirou o músico (piauiense, radicado em Minas há um bom tempo) Makely Ka. O artista repetiu a travessia do personagem em seus 1.680 km para compor o conceito do álbum “Cavalo Motor”, que apresenta nesta sexta-feira (24), no Teatro Bradesco.   Entre artista e personagem, há em comum a busca pelo autoconhecimento. “Queria trabalhar com as questões da minha identidade musical, que é a relação entre a música nordestina e a música mineira”, explica Makely, que vai passar experiência fotografada, filmada e musicada no espetáculo. Quando o artista decidiu fazer a imersão sertaneja, o álbum já estava em pré-produção. Algumas canções haviam sido escritas. De bicicleta, ele fez todo o percurso e, depois de mais de três meses, tudo mudou. “Quando você vai a campo, tudo pode virar outra coisa. Não levei instrumento, mas anotava ideias, gravava. Algumas melodias surgiram durante a viagem, coisas foram se delineando”, revela.   O álbum bebe de fontes que “trabalharam com elementos mais áridos, a arte da caatinga ao cerrado”. O músico recorre ao cinema de Glauber Rocha, Cláudio Assis e Marcelo Gomes, ao Mangue Beat, à arte plástica de Samico, aos literatos como Euclides da Cunha e João Cabral de Melo Neto, e, principalmente, claro, a Rosa, “até por uma questão linguística, ele conseguiu extrair o grão da linguagem dos moradores em seus personagens”, explica.   Grande equipe   No show, Rodrigo Marçal, iluminador do Galpão, cria, por exemplo, a sensação do sol passando entre galhos de uma árvore do cerrado, ou do chão rachado típico do sertão. A direção de cena é de Lívia Espírito Santo, da Cia. de Dança da FCS. Já Aline Xavier projetará imagens e vídeos feitos por Makely.   “A ideia é que as pessoas se sintam um pouco naquele ambiente”, explica ele, sorriso aberto. Não bastasse, na entrada, haverá mostra de fotos. No hall, sonorização especial. “O público, ao chegar, vai se dar conta que o espetáculo vai além da música”. Detalhe: quem for de bicicleta ao teatro, entra de graça. “Foi a maneira que encontramos de vincular as pessoas à viagem”.   Makely Ka – Nesta sexta-feira (24), 21h. Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2.244). Ingressos: R$ 20 e R$ 10.

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