Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas debatem "cidadania obscena" em BH

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
02/05/2017 às 18:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:22

Quem serão os candidatos a presidente da República em 2018? Para o filósofo, escritor e professor Mario Sergio Cortella, num cenário político como o de hoje, a resposta mais precisa a que podemos chegar é: “aqueles que não estiverem presos”. No lugar de lamentar que o Brasil vive um mar de lama sem fim, Cortella assinala que o “país não está confuso, notando-se uma multiplicidade de variáveis, em que tudo pode acontecer, num sentido mais amplo”. A observação política é inerente ao debate que será promovido hoje, no Grande Teatro do Palácio das Artes, para o lançamento do livro “Basta de Cidadania Obscena!”, da editora Papirus. Ao lado dele estará o comunicador Marcelo Tas, que estabelece na publicação um diálogo com Cortella em que o ponto de partida é a ideia de uma “cidadania fraturada e precária, resumida quase ao direito ao voto”.  O uso da palavra obsceno vem daí, do seu significado etimológico, como aquilo que tem que ficar escondido. “O Tas teve uma ideia ótima de, na capa do livro, adicionar uma faixa amarela sobre a palavra obscena, como se fosse um alerta, algo interditado. A cidadania hoje é o que não deve ser mostrado. Gostaríamos que ela fosse acolhedora e integradora e não indecente”, salienta o filósofo, para quem a crise política atual é uma questão de identidade.  “Apesar de dolorido, ferido, ensanguentado, vejo com uma alegria cívica a ideia de reunirmos condições para uma limpeza profunda”. 

Cortella não vê a possível candidatura (à Presidência) de Jair Bolsonaro com perplexidade. Para ele, dentro de uma democracia, é um direito ter alternativas. “Diferentemente do que pensa o próprio Bolsonaro, de que deve haver um caminho exclusivo. Mas se não concordam, como eu, com ele, o ideal é que se organizem numa outra direção”

 O repórter pergunta se ele é um otimista sobre o futuro do Brasil, com Cortella se definindo como um otimista crítico. “O otimismo dá muito trabalho, exige certo esforço. Se fosse só um otimista seria um tolo. Mas o pessimista é um vagabundo, que diz ser realista, contentando-se em ser um revoltado, dizendo que nada poder ser feito. Para ele, é mais fácil, mais cômodo. Passa o tempo todo reclamando nos meios digitais, que são um grande eco para a vagabundagem”, registra. Ele cita Carlos Drummond de Andrade, ao afirmar que é preciso escavar a casca do impossível até achar o possível lá dentro. Observações que, muitas vezes, ganham a adesão de Marcelo Tas. “Sim, temos na maioria das vezes concordâncias. O que fizemos foi o ponto de partida para um debate, não o ponto final”, destaca Cortella. Serviço: “Sempre Um Papo” com Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas – Hoje, às 19h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537). Troca de ingressos antecipada, mediante a doação de um livro literário novo ou usado. Informações: 3261-1501 e sempreumpapo.com.br

 

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