Memórias ‘inventadas’ norteiam novo livro do jornalista Maurício Lara

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
24/03/2015 às 08:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:21
 (Divulgação)

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São mais de 40 histórias que se entrelaçam, e a maioria estava escrita há um bom tempo. Mas, mais recentemente, o jornalista mineiro Maurício Lara resolveu reescrever todo este material, introduzindo um “narrador” – no caso, o velho historiador Nico Fulgêncio que, por impulso, arremata em leilão a casa em que nasceu. O resultado passa a ser submetido ao olhar do público a partir desta terça-feira (24), quando ele lança, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21), das 19h às 22h, o livro “Rua dos Expedicionários, 14” (Editora Ramalhete).

“São memórias inventadas. O endereço é real, da casa em que nasci, em Esmeraldas. Ela foi demolida há dois anos. No processo da escrita, imaginava o personagem principal dentro da casa, dentro da cidade, dentro das minhas lembranças... Então, o ambiente é real. Mas não há compromisso com os fatos, nem com a memória”, diz Maurício, confessando que soltou as amarras para criar. “Na imaginação, a casa foi bordel, foi pensão, foi cadeia”.

No texto, acrescenta Maurício, há inclusive pitadas de realismo fantástico, como a imagem de santo levada à casa durante a reconstrução da matriz (fato real), “mas que se recusava a voltar para a igreja, ninguém conseguia movê-la (ficção pura)”. Diante dela há uma vela que nunca se apagava.

“A personagem Santinha é uma putinha graciosa e rezadeira, que se persignava toda vez que passava diante da imagem de São Geraldo, de quem era devota. Santinha chorava com um olho só, como uma forma de separar o sagrado e o profano, que se misturavam dentro dela”. Há também Platão, carcereiro que não concebe a ideia de privação da liberdade.

Maurício Lara frisa que todas as pessoas têm memórias afetivas ligadas a uma casa em que viveram. E as histórias de “Rua dos Expedicionários, 14”, prossegue, fazem parte de um cotidiano que pode ser óbvio, mas também fantástico. Poderiam, segue ele, ser ambientadas em qualquer cidade, em qualquer memória. “Então, não surpreenderia se provocarem lembranças e identificação em leitores”.

O que se casa com o teor da apresentação do livro, escrita por Ivete Walty: “Entre o passado e o presente, entre o sagrado e o profano, entre o fato e o inventado, entre a verdade e a mentira, entre a construção e a ruína, circulam os fatos com a função de ‘manter a vela acesa’ a iluminar os desvãos da memória do autor e de cada leitor”. 

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