Morto há 30 anos, Andy Warhol foi o guru da atualidade, extrapolando os '15 minutos de fama'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
22/02/2017 às 11:12.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:40
 (Divulgação)

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Alguns talvez não associem o nome à pessoa. Ou “às pessoas”, já que Andy Warhol foi um artista múltiplo, numa época em que essa palavra não estava tão na moda. De artista plástico à cineasta, passando por produtor de música, ele antecipou tendências. Morto há exatamente 30 anos, Warhol foi autor da frase que preconizava uma sociedade satisfeita com 15 minutos de fama.

Numa realidade pautada pela instantaneidade e pela reprodução em larga escala, ele seria uma espécie de guru. “Nas artes plásticas, a impressão que tenho é que Andy Warhol foi o último a propor algo diferente. Parece que tudo já feito. Falta essa pessoa que movimente a cena, como ele fez”, lamenta Charles Chaim, artista plástico mineiro que não nega as influências “warholianas”.

Já na sua primeira exposição, em 1997, numa cantina italiana de Uberlândia, a referência se fazia presente. “Usei embalagens de pizza para fazer colagens e pinturas. Numa das tampas, eu pus a cabeça dele no corpo de Elvis Presley”, recorda Chaim, que há cinco anos e meio reside em São Paulo, em busca de maior espaço para o desenvolvimento de sua arte. 

Não foi a última vez que Warhol se materializou no trabalho do artista mineiro. Sete anos depois, na exposição “Upload”, Chaim assinou um acrílico sobre tela com o rosto do dele. “O jornalismo está ligado à publicidade, que foi a área que Andy começou a trabalhar. O que me fez entender mais facilmente esse processo dele de reaproveitar material, transformando uma coisa em outra”. 

Alguns dos quadros mais conhecidos de Warhol fazem uso de marcas famosas como Coca-Cola e a sopa Campbell’s, dando-lhes uma leitura mais crítica, assim como os rostos de figuras ilustres como Marilyn Monroe, Mao Tsé-Tung e Elvis Presley. Caminho que o levou à Pop Art, movimento surgido na Inglaterra, nos anos 50, e que chegou ao apogeu nos EUA, na década seguinte. 

O cineasta André Amparo é um grande fã da trajetória de Warhol. Em casa tem vários livros sobre aquele que foi, segundo o diretor, o artista visual mais importante da segunda metade do século 20. “É difícil defini-lo, porque ele foi muito amplo. Talvez essa ideia de transmidia tenha surgido com ele”, registra Amparo, que cita Warhol em seu curta “Max Uber” (2012).

No filme, premiado em festivais, o realizador discute a questão do que é arte ou cópia quando o protagonista reproduz os quadros de Warhol com perfeição. “Depois ele acaba criando um personagem fake, expondo imagens falsas. É uma questão muito atual dessa era da internet, em que as pessoas podem contar a história que quiser. O outro que corra atrás para provar que não é verdade”.

A maior influência de Warhol, porém, foi na maneira de produzir arte. “Com ele não tinha esse negócio de esperar para ver se acontece. Ele pegava e fazia, depois fazia outro e outro. O legal dele também é que, sendo um músico por exemplo, não precisava ter uma ideia para a música. Poderia ser algo que lhe permitisse transitar em outras áreas”, destaca o cineasta.

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