Mostra Cine-BH começa hoje de olho nos turbulentos tempos atuais do mundo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
21/08/2017 às 16:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:11
 (DIVULGAÇÃO)

(DIVULGAÇÃO)

A mídia é a máquina de produzir esquecimento; o cinema produz memórias. A partir destes contrastes, Raquel Hallak, coordenadora-geral da Mostra CineBH, com início hoje em Belo Horizonte, realizou uma espécie de convocação na programação desse ano, sobre a necessidade de discutir a turbulência política e econômica atual no Brasil e no mundo, pelo prisma de uma cinema que reage, segundo ela, na “urgência em nadar contra a corrente dos fluxos narrativos dominantes”.

Não por acaso, um dos eixos principais da Mostra tem como tema o “cinema de urgência”, apresentando novos e antigos filmes que estão justamente atrelados a um determinado momento histórico, como “Roma, Cidade Aberta” (1945), de Roberto Rosselini. “Há certas ocasiões históricas em que o cinema se faz urgente. A urgência é o impulso da ‘câmera na mão e uma ideia na cabeça’ de Glauber Rocha, o motivo da existência de um filme como ‘Terra em Transe’, que está completando 50 anos, atual como nunca”, observa Hallak .

Ela pondera também que a necessidade de pensar o mundo contemporâneo não se limita a um cinema de urgência, preso ao imediatismo da História. Para ela, a reflexão sobre seu tempo pode assumir as mais diferentes formas, citando a obra romanesca do diretor italiano Pierre Léon, que está sendo homenageado na Mostra. “O cinema que procura escapar das armadilhas e tendências da moda, e que apenas aparentemente parece ser anacrônico, costuma pagar um preço alto por essa escolha, sendo condenado a uma cruel invisibilidade”, analisa.

É importante, dentro deste ponto de vista, que o cinema encabece uma produção de contra-narrativa à avalanche midiática em torno da crise política. “Ele precisa ter interesses para além do imediatismo e da aflição da urgência. No cinema, a urgência é de outra ordem. Por mais emergencial que seja o teor ou conteúdo de um filme, ele demanda, novamente, tempo. Será esse tempo um grande responsável pela reflexão – estética e ideológica – daquilo que se lançará aos olhos e ouvidos dos espectadores”, sublinha a coordenadora.

Outro destaque da Mostra é o retorno das exibições em praças públicas, uma premissa também presente nos outros festivais da produtora Universo, como a Mostra de Tiradentes e a Mostra de Ouro Preto. “Acreditamos que o cinema na praça tem papel de reunir pessoas que, muitas vezes, nem sequer foi a uma sala. É importante ressaltar que Belo Horizonte já teve 120 salas de rua. Hoje elas se resumem a seis. Assim mostramos que o cinema é possível ser realizado em qualquer lugar”, assinala.

“11ª Mostra CineBH” – De hoje a domingo, em oito espaços da capital mineira. Veja programação completa em cinebh.com.br/

Feira busca promover fomento do setor audiovisual em Minas

Paralela ao Cine-BH, acontece, entre hoje e sexta-feira, a MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo. O evento, sediado na Serraria Souza Pinto, visa movimentar a cadeia produtiva do audiovisual no Estado, reunindo produtores, distribuidores e exibidores de conteúdo de cinema, TV e internet.

“A intenção é impulsionar o setor para a geração de emprego e renda. Entendemos que Minas tem condição de igualdade com Rio, São Paulo e Pernambuco. O que falta é a acessibilidade dos produtores a importantes players do setor”, afirma Fernanda Machado, diretora de fomento à indústria criativa da Codemig, que realiza o evento com o Sebrae o Sesi.

Além das rodadas de negócios, a MAX promove uma mostra de cinema na Praça da Estação. Veja a programação em: www.minasgeraisaudiovisualexpo.com.br. (Lucas Buzatti)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por