Mostra de Tiradentes divulga seleção de curtas-metragens

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
20/12/2017 às 18:33.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:22
 (Divulgação)

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A seleção de curtas-metragens da Mostra de Cinema de Tiradentes – festival que abre o calendário cinematográfico no Brasil – vem sendo um bom termômetro para perceber como as mudanças políticas, econômicas e sociais do país têm se refletido na produção de filmes atualmente.

Entre as questões que ganharam relevo na 21ª edição da Mostra, que será realizada de 19 a 27 do próximo mês na cidade histórica mineira, está a representatividade da mulher. Elas surgem não apenas nos temas abordados pelos curtas, como também na presença delas por trás das câmeras.

Na chancela “Foco”, principal seção dedicada ao formato curta-metragem, quatro filmes dos dez concorrentes têm a assinatura feminina. “É difícil encontrar uma seleção quase equiparada em gênero. Os índices de filmes de mulheres geralmente são mais baixos na história dos festivais”, registra a curadora Camila Vieira.

Pela primeira vez respondendo pelo recorte curatorial na Mostra, tarefa dividida com Francis Vogner e Pedro Maciel Guimarães, Camila destaca ainda o fato de a seção contar com o filme de uma cineasta negra (Ana Julia Travia, com “Outras”), algo também raro, especialmente em competitivas.

Aumento
Em outras sessões de curtas da Mostra de Tiradentes, há mais duas diretoras negras: Barbara Maria, de “Pele de Monstro” ( Mostra Praça) e Jéssica Queiroz, do filme “Peripatético” (na seção “Chamado Realista”), este exibido anteriormente no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, promovido em setembro.

“Acredito que, com o tempo, haverá um aumento significativo do número de filmes dirigidos por mulheres nas seleções dos festivais, porque já é possível perceber que são vozes que estão cada vez mais ocupando os espaços, propondo narrativas que até então eram invisíveis”, assinala Camila.

Por ser mulher, ela afirma que há um cuidado maior com produções realizadas pela ala feminina. “Claro que há (esse cuidado), mas é o contato direto com os filmes que irá definir o recorte curatorial. No exercício da curadoria, o primeiro olhar é em direção aos filmes, ao que eles propõem e quais articulações eles convocam”.

Na seleção da Mostra Foco, aparecem dois curtas mineiros: “A Retirada para um Coração Bruto”, de Marco Antonio Pereira, e “Iara”, de Erika Santos e Cássio Pereira dos Santos. Também foram selecionados, além de “Outras”, “Calma” (RJ), “Estamos Todos Aqui” (SP), “Fantasia de Índio” (PE), “Febre” (SP), “Inconfissões” (RJ), “Peito Vazio” (PE) e “Sr. Raposo” (GO).

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