Mostra enfatiza diversidade sexual e empoderamento do corpo trans, queer e drag

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
31/05/2017 às 17:01.
Atualizado em 15/11/2021 às 15:09
 (CHM/DIVULGAÇÃO)

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Antes das filmagens de “Infâmia” (1961), de William Wyler, uma das protagonistas, Shirley MacLaine, só sabia que seu personagem carregava um grande conflito que lhe custaria a vida. “Ninguém falou para ela que era uma lésbica, em função de uma época em que não era permitido, por causa da censura (o Código Hays), dizer ‘eu sou homossexual’, ‘eu sou lésbica’”, observa Bruno Hilário, curador da mostra “Corpo Político”, em cartaz a partir de hoje no Cine Humberto Mauro.

Seleção de filmes sobre a diversidade sexual, enfatizando o empoderamento do corpo trans, queer e drag, a mostra traça uma evolução dessa abordagem pelo cinema, desde obras em que os personagens são atormentados por sua escolha, optando pelo suicídio, como é o caso do papel de MacLaine, até trabalhos que apresentaram novas formas de construção estética e narrativa para personagens LGBTQs (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer). “A própria MacLaine lembra, no documentário ‘Celuloide Secreto’, que sua personagem, no mundo de hoje, estaria à luta para viver seus desejos”, registra.CHM/DIVULGAÇÃO

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O título da mostra reforça esse sentido de mudança, em torno da necessidade de conquista de direitos e do enfrentamento da heteronormatividade.

Um dos destaques é o raro “Johan” (1976), de Philippe Vallois, que retrata práticas homossexuais “invisíveis” aos olhos da sociedade. “Ele começa criticando abertamente o movimento da Nouvelle Vague, numa referência ao clássico ‘Os Incompreendidos’, de François Truffaut. Em ambos, há planos gerais de Paris, mas, quando Truffaut parte, no plano seguinte, para um grupo de jovens com uma revista de pin-ups, Vallois mostra homens em encontros fortuitos nas ruas”, assinala.CHM/DIVULGAÇÃO

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Mescla de documentário e ficção, “Johan” acompanha um diretor (Vallois) cujo namorado está preso. “Ele precisa de um ator substituto e, nessa busca de outro Johan em boates e lugares de pegação, ele põe em discussão esse corpo que está aprisionado, sem poder exercer a sua cidadania”, sublinha o curador.

Após exibição no Festival de Cannes de 1976, o longa caiu no esquecimento, sendo redescoberto recentemente em festivais dedicados à temática LGBTQ.

Serviço: Mostra Corpo Político – De hoje a 29 de junho no Cine Humberto Mauro (av. Afonso Pena, 1537). Entrada franca. Confira a programação completa no site palaciodasartes.com.brCHM/DIVULGAÇÃO

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