Mostra revela uma cidade em preto e branco pelas lentes de André Hauck

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
31/07/2015 às 21:43.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:10
 (André Hauck)

(André Hauck)

O olhar sobre a cidade e sobre como seus habitantes a ocupam e, sobretudo, a transformam. A partir deste sábado (1º) a Funarte ganha uma mostra pra lá de especial que discute o tema a partir das fotografias de André Hauck .

O próprio artista explica que o projeto batizado "Áreas de Intermitência" nasceu com a intenção de unir outras três séries presentes na exposição: Desvios, Limítrofe e Sombras. Interligadas, elas têm a temática da ocupação e da transformação do espaço urbano como ponto em comum.

"São trabalhos que venho realizando no entorno de Belo Horizonte desde 2010, refletindo sobre o espaço habitado, demonstrando a partir de vestígios/traços detalhes da presença humana e sua maneira de ocupar o ambiente ao seu redor", explica Hauck para completar em seguida:

"A ideia é propor um questionamento sobre a ocupação do espaço urbano e suas problemáticas, sejam elas aparentemente visíveis ou invisíveis. Ter o 'Áreas' exposto em BH para mim é importante pois falo da minha cidade".

Início

Muitos dos trabalhos pelos quais André é reconhecido e premiado dizem respeito à cidade. E essa investigação do urbano surgiru, acredita ele, ainda na infância.

"Quando pequeno morava no bairro Colégio Batista e tinha o costume de brincar no entorno do túnel da lagoinha, aquilo me marcou muito. Posteriormente, já na minha adolescência, investia boa parte do meu dia com a prática do skate nas ruas da cidade. Morei também durante três anos no Iraque, meu pai foi trabalhar lá e morávamos em uma espécie de cidade acampamento no qual acabei convivendo muito com o canteiro de obras e o deserto", recorda.

"Não sei bem se é por isso que hoje estou trabalhando com este tema, mas com certeza essas vivências acabaram influenciando a maneira como eu vejo a cidade. Esse olhar desértico, monumental e escultórico presente em meu trabalho partindo da fotografia como linguagem para refletir sobre o espaço".

Mas discurtir a cidade passa também por outros interesses mais conscientes, afinal Hauck é graduado em escultura e um estudioso em antropologia, geografia e arquitetura. "A minha intenção é criar uma ponte entre estas e outras áreas do conhecimento propondo uma reflexão sobre os espaços onde vivemos".

Para o artista, Belo Horizonte é uma cidade em processo intenso de crescimento, mas com uma estrutura que não acompanha este ritmo acelerado. "Penso que podemos ocupar os espaços tanto física quanto simbolicamente. E, é isso que também me interessa falar. Muitas vezes, espaços que parecem vazios, inabitados, inóspitos e estanques são lugares de intenso fluxo, que estão em constante transformação através de pequenos movimentos e mudanças".

Serviço

Exposição "Áreas de Intermitência" de André Hauck
Funarte MG (r. Januária, 68, Centro). Quarta a domingo, 11 às 21h. Entrada franca

 

 

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