Mulheres fazem sucesso no Youtube ao falar de assuntos que vão além da beleza

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
06/03/2016 às 08:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:41
 (Livia Fernandes/Divulgação)

(Livia Fernandes/Divulgação)

Entre as várias maravilhas que a internet trouxe para a sociedade contemporânea está a possibilidade de todos poderem mostrar seus pensamentos publicamente e sem censura. Muitas mulheres aproveitaram o Youtube para desenvolverem seus próprios canais com os assuntos mais diversos sobre o universo feminino.

Embora haja campeãs de visualizações com temáticas de culinária, saúde e beleza, entre as bem-sucedidas youtubers existem também aquelas que tratam de assuntos bastante diversos, com boas pitadas de feminismo e humor. Observam o cotidiano com um olhar de quem quer quebrar paradigmas sociais de maneira inteligente e reflexiva.

Abertamente

A mineira Taty Ferreira, de 29 anos, autora do vlog “Acidez Feminina”, há mais de cinco anos é sucesso absoluto no Youtube ao falar de sexo abertamente, sem se preocupar com as amarras sociais. Seu canal tem mais de 968 mil inscritos e os vídeos foram vistos mais de 104 milhões de vezes.

Suas postagens são sempre bem-humoradas. “Somos minoria entre os comediantes, talvez porque as mulheres têm dificuldade de rir das coisas, nos levamos a sério demais. Um exemplo é quando uma mulher chega a uma festa e vê que alguém está usando um vestido igual. Se acontecer isso com um homem, ele leva na brincadeira. Mas uma mulher fica irritada e quer ir embora”, diz Taty, que passou a ter mais noção de quanto influencia as pessoas depois dos eventos de lançamento de seu livro “Manual da Mulher Bem Resolvida”.

Luisa Clasen, de 25 anos, tem o foco em cultura e dicas informativas. Seu canal Lully de Verdade começou como hobby há cinco anos e hoje se tornou um negócio.

O chamariz é a variedade de assuntos que a moça de cabelos coloridos traz, atraindo um público de ambos os sexos. “Gosto de falar sobre temas que não são exclusivamente femininos. Acho que as garotas estão cada vez mais cientes do poder e da voz que elas têm, e não precisam se acomodar em assuntos de moda, beleza e culinária para terem destaque”, afirma. “Admiro muito quem faz esse tipo de conteúdo, e o melhor de tudo é quando as pessoas fazem porque é aquilo que elas gostam, não porque é o que dá dinheiro”.

“Não me incomodo com os comentários negativos. As pessoas têm de ter a mesma liberdade que eu tenho para se manifestar”

Maira Medeiros e Gabbie Fadel são destaques
 
A paulista Maira Medeiros, de 31 anos, é ainda nova na vida de youtuber e seu canal “Nunca Te Pedi Nada” nem chegou a completar um ano. Mas a moça já conseguiu uma grande repercussão nas redes sociais por conta da maneira bem-humorada com que ela trata da diferença de gêneros. Melhor ficou quando ela passou a fazer paródias musicais, em especial uma versão feminista para “Essa Mina É Louca”, de Anitta – que teve mais de 1 milhão de views.

A youtuber, que já atuou como professora de inglês e criadora de conteúdo para internet, só criou o canal depois de insistência das amigas, que sabiam que ela tinha tudo a ver com o universo da internet. Por fazer humor em cima do machismo e de outras questões sociais, Maira encontrou um público disposto a ouvi-la.

“Meu humor nunca foi muito compreendido por muitas pessoas, mas a internet tem aquela coisa de fazer você entender que não está sozinha no mundo. A internet te permite conectar com mundo muito maior e acaba encontrando com pessoas parecidas com você. Me senti à vontade para me expor”, conta.

Ela se inseriu em uma área que ainda com conta com pouquíssimas mulheres criadoras: do humor. “No mundo da comédia, você via homens que faziam humor em cima da mulher, da loira burra, da gorda, e eu me sentia sozinha”, conta Maira. “Sempre fiz piadas entre os amigos e, uma vez, um deles me disse: ‘sabe qual é o seu problema? Você quer fazer o mesmo que o homem faz’. Mas como assim? Eu não posso fazer as mesmas coisas?”

Divã



Gabbie Fadel tem apenas 23 anos de idade, mas já é uma veterana de Youtube. O canal que leva seu nome tem cinco anos e 640 mil inscritos. Teve início como uma espécie de diário aberto – com a carioca falando o que vinha à cabeça, sem roteiro bem definido – e logo encontrou identificação em outras mulheres, especialmente adolescentes. A grande sacada de Gabbie foi ter apostado na interatividade, por conta da coluna “Pergunte a Gabbie”, em que ela dá conselhos aos fãs, respondendo a e-mails.

A valorização da mulher e o questionamento de normas sociais norteiam boa parte de suas falas. “Fiz alguns vídeos falando de feminismo, embora nem sempre fale sobre o movimento. Estou sempre tentando tirar o machismo nosso de cada dia. Como por exemplo, o dia em que respondi a um e-mail em que a menina falava que não ficava com vários meninos porque ela se dava o valor. Mas a garota que fica com vários não tem valor?”, recorda Gabbie, lembrando que a internet foi importante para que integrantes de vários movimentos – como LGBT e negro – também ganhassem voz.

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