Museu de Congonhas investe em iniciativas culturais para driblar fim da mineração

César Augusto Alves
cpaulo@hojeemdia.com.br
01/07/2016 às 19:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:08
 (Nádia Lages / Divulgação)

(Nádia Lages / Divulgação)

Mais do que preservar a memória, o Museu de Congonhas, inaugurado há menos de um ano, persegue uma fundamental missão: se preparar para o futuro. Através de ações junto à comunidade e da busca de parcerias por todo o país, a diretoria da instituição fomenta a cena artística local e mobiliza uma intensa economia criativa, levando o nome de Congonhas a muito além do imaginado. 

Para a comunidade local, além de uma opção de entretenimento, o museu é hoje uma esperança. “O significado deste museu para Congonhas? A cidade vive de mineração e isso tem data para acabar. Nós não vamos seguir o exemplo de outras cidades mineiras. Temos uma vocação para cultura e turismo e estamos fomentando a economia criativa. Temos atraído muitos investimentos preparando a comunidade e a cidade para este futuro que se aproxima”, afiança Sérgio Rodrigo Reis, diretor do Museu.

De dentro para fora
Uma das principais ideias da gestão de Sérgio é irradiar as ações do espaço. “Museu não é um lugar só para colocar coisas velhas. É também um espaço cultural, do pensamento. Tem esse papel de irradiar o que fazemos”, comenta.

Na prática, isso significa inúmeras ações e atividades dentro e fora do museu com intensa participação da comunidade de Congonhas. O programa “Roteiro das Minas”, por exemplo, já levou nomes como Zé Celso (Teatro Oficina, de São Paulo), o músico Arnaldo Antunes e a atriz Vera Zimmermman à cidade. O projeto, com curadoria da artista e pesquisadora Beatriz Azevedo, reúne encontros musicais, cênicos e poéticos que remontam à passagem dos modernistas por Minas Gerais.

“A ideia foi criar eventos do museu que pudessem dialogar com o pensamento que está inserido aqui dentro. Até o final do ano, teremos mais de 100 eventos”, conta Sérgio.


Intercâmbio
Além de trazer grandes nomes à comunidade, o museu valoriza também a intensa cena artística local. A cidade tem dois dos mais antigos grupos de teatro de Minas Gerais, o Dez pras Oito e o Boca de Cena, que lotam apresentações no anfiteatro a céu aberto do museu. “Abrimos sempre editais de ocupação para artistas da cidade. Aqui a gente faz uma troca. Trazemos artistas de fora, mas sempre temos artistas locais. Os eventos da cidade são sempre lotados”.

Além do intercâmbio no local, a instituição alça voos fora de Congonhas também. “Nosso Coral de Música Barroca abriu o ‘Inverno das Artes’ (que começou ontem no Palácio das Artes e segue até 1º/8 com ampla programação), por exemplo, com música colonial e barroca. A gente quer fazer isso: não só receber. A gente quer mandar também”.Divulgação  Integração - Primeiro museu de sítio histórico do Brasil, o Museu de Congonhas explora o espaço ao redor

Além Disso
Localizado a 75km de Belo Horizonte, o Museu de Congonhas foi inaugurado em 15 de dezembro de 2015. Desde então, a cidade histórica ganhou um ponto de referência em preservação e fomento da cena cultural mineira. Congonhas é uma das três cidades mineiras com espaços consagrados como Patrimônio Cultural da Humanidade (as outras são Ouro Preto e Diamantina). 

O museu configura-se como o primeiro museu de sítio histórico do Brasil. “Quando Gilberto Gil (então Ministro da Cultura) esteve aqui, ele teve a ideia de construir este museu e outros 12 iguais a esse”, lembra o diretor Sérgio Rodrigues. O de Congonhas, no entanto, foi o único a sair do papel. A construção fez parte do Programa Monumenta, que evoluiu até chegar ao PAC Cidades Históricas, do Governo Federal. “O museu faz uma reflexão sobre a devoção e a fé que estão ao redor dele. A gente tem o primeiro museu de sítio histórico brasileiro, feito para refletir sobre este espaço físico lá fora. Isso deixa um legado para a cidade”, salienta Sérgio.

Com projeto do arquiteto Gustavo Penna e jardins de Burle Max, o museu conta com amplas salas e galerias, alta tecnologia, um café e bistrô, e um lindo anfiteatro a céu aberto, com vista para as montanhas que circundam Congonhas. E vem mais por aí, conforme nos adianta Sérgio. “Em breve teremos um parque ecológico, a romaria e a alameda todas restauradas (sítios ao redor). Tudo da cidade a gente tem incorporado aqui no museu. As possibilidades são inúmeras”.

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