A obra do artista, cineasta e empresário Amácio Mazzaropi, considerado um dos maiores símbolos da cinematografia brasileira, pode ser conhecida no museu que leva o seu nome, o Instituto Mazzaropi, em Taubaté, no Vale do Paraíba, interior paulista. Ele produziu mais de 24 filmes, além de outros trabalhos no circo, no teatro e na televisão.
Com o objetivo de preservar e divulgar a história e o trabalho do artista, o espaço foi criado na década de 1990, nas instalações de um hotel que pertenceu a ele.
No local, podem ser encontrados mais de 20 mil itens sobre a vida e a trajetória do comediante, entre os quais estão fotos, documentos, filmes, objetos cênicos, móveis e equipamentos. O local fica a 140 quilômetros da capital paulista. O museu fica aberto de terça a domingo, das 8h30 às 12h30, e os ingressos custam R$ 6 para estudantes e R$ 11 para adultos. Idosos e crianças de até 7 anos têm entrada gratuita.
Personagem
O nome Mazzaropi está ligado à imagem de um homem desengonçado no jeito de andar e de se vestir, com a camisa xadrez sob um paletó que mais parecia ser emprestado de um irmão mais novo (com tamanho menor) e a calça acima das canelas.
Se mudo estava, o semblante já fazia rir. O bigodinho dava um ar sério em meio a uma expressão debochada, com uma pitada de "malandragem inocente". Quando falava, as palavras eram ditas com um vocabulário típico do "caipira" do interior paulista: tonificação das vogais antecedidas da letra r. A figura, inspirada no personagem Jeca Tatu, do livro Urupês, de Monteiro Lobato, foi uma das inúmeras criações que projetaram o artista para a fama.
Ícone do cinema
A coordenadora do museu, Pamela Botelho, disse que o "artista e empresário é uma fonte de inspiração que precisa ser revista e estudada porque faz parte da história brasileira". Ela lembra que uma dessas inspirações fez sucesso na teledramaturgia, referindo-se ao personagem "Candinho", da telenovela "Eta Mundo Bão", levada ao ar, recentemente.
Pamela lembrou que ainda hoje os filmes de Mazzaropi são campeões de bilheteria. Para ela, ao encarnar a figura do "caipira", o comediante retratou um acontecimento social: a migração do homem do campo para as zonas urbanas. Como muitos que o assistem viveram essa situação, "se identificam com isso". Embora a comédia seja uma marca em suas obras, "ele tratava de assuntos sérios, e às vezes sutis, abordando temas políticos e sociais", afirmou.
Ainda adolescente, Mazzaropi trabalhou no circo. Depois, em 1946, atuou na Rádio Tupi, onde permaneceu por oito anos. Em televisão, participou de um programa apresentado por Bibi Ferreira, o Brasil 63, na extinta TV Excelsior, e ainda na extinta Tupi de São Paulo, em 1950, aos 38 anos. Também pela TV Tupi, participou da inauguração do Canal 6, no Rio de Janeiro.
No cinema, a estreia ocorreu em 1952 com o filme Sai da Frente, gravado nos estúdios da Vera Cruz, no ABC paulista. Quatro anos depois, em 1956, atuou no último longa-metragem pela Cinedistri, o Chico Fumaça, criando em seguida a sua própria produtora, a PAM Filmes - Produções Amácio Mazzaropi. A primeira produção foi o Chofer de Praça, de 1958, que marcou o início de seu negócio. Mais 25 obras surgiram depois, até 1980. Mazzaropi morreu em 1981, aos 69 anos.