Musical inspirado em Jim Morrison mostra que os ídolos ainda são os mesmos

Patrícia Cassese* - Hoje em Dia
24/09/2015 às 07:27.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:50
 (Forton/divulgação)

(Forton/divulgação)

Ao telefone, Eriberto Leão lança o desafio: “Me diga, você, uma banda que se aproxime do que foi The Doors”. Ante o titubear da reportagem, o ator avança: “A contracultura é a única maneira de sairmos da decadência dessa nossa civilização, que chegou ao seu limite”. Explicações necessárias: ao se enveredar pela banda liderada por Jim Morrison, Eriberto fala com propriedade. Desde o ano passado, ele encarna o icônico cantor no palco, na montagem “Jim”, que chega agora à capital mineira.

Mas, na verdade, a devoção ao artista já perpassa mais de uma década da vida do ator paulista de 43 anos, que descobriu o The Doors aos 17. E não, Eriberto não se ateve à música. Mergulhou fundo em todas as influências que moldaram a persona que, incontestavelmente, alcançou o status de mito.

“Por meio da música dele, fui conduzido à leitura de Aldous Huxley, Baudelaire, Rimbaud... E a meus mestres brasileiros que julgo estarem alinhados à contracultura, aqueles do que chamo de ‘Brasil profundo’, não midiático. Tem a ver, na minha opinião, com a obra de Ariano Suassuna, Glauber Rocha, Darcy Ribeiro, Guimarães Rosa... Todos estavam conectados nesta linha – e, como disse, a contracultura é a salvação”, diz Eriberto, que, mesmo dando orientações ao taxista que o conduzia ao Projac enquanto falava ao Hoje em Dia, emendou: “Quem disse que o rock – o verdadeiro rock – é só entretenimento? O rock tem essa função sim (de mudar o mundo, provocar, levar à reflexão)”, diz, citando, por exemplo, Ramones e a sua “I Believe Miracles”.

Sacro ofício

Voltando ao assunto peça, Eriberto diz que o teatro, para ele, é um lugar sagrado. Em cena, ele dá vida a João Motta, fã de Morrison, que, certo dia, em uma situação limítrofe, dá de cara com seu ídolo. O texto é de Walter Daguerre e a direção, de Paulo Moraes. No palco estão, ainda, Renata Guida (que interpreta o arquétipo feminino, como a mãe Terra) e os músicos Zé Luiz Zambianchi (teclado), Felipe Barão (guitarra) e Rorato (bateria). A direção musical é de Ricco Vianna e, vale dizer, em cena, Leão canta 11 canções do The Doors – dentre elas, “Light my fire”, “The End” e “Rides on the storm”.

“O teatro é um sacro-ofício, sacrifício. É sacrificante, mas faço com amor, por acreditar... O resto é consequência, e, neste caso, estou muito feliz ao perceber que o resultado vem agradando tanto à crítica e aos fãs de Morrison quanto à parcela do público que não era tão fã assim do The Doors e, depois de assistir, resolve mergulhar mais na obra do grupo”, diz Leão, que, vale lembrar, participa no sábado, às 17h, de um bate-papo sobre Jim Morrison com o público no Café do Centro Cultural, com entrada franca, ao lado Marcos Kacowicz (Kacophonia) e do crítico musical Rodrigo James.

“Jim” – Sexta e sábado, 21h, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244). Classificação: 16 anos. Ingressos: R$ 60 (plateia I), R$ 50 (plateia II). Valores da inteira.

A montagem recebeu o Prêmio APTR 2014 de Iluminação, (para Maneco Quinderé) e Música

*Colaborou Cinthya Oliveira

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