'Não vou me calar’, avisa Odair José

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
19/04/2018 às 19:19.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:26
 (UANDERSON BRITTES/DIVULGAÇÃO)

(UANDERSON BRITTES/DIVULGAÇÃO)

 Perto de completar 70 anos em agosto, Odair José está “tentando lidar com a idade, levando na ponta dos dedos”. Atração deste sábado, n’A Autêntica, o cantor goiano conta que ainda tem muito prazer em correr riscos, saindo da zona de conforto sempre que possível. Foi assim em boa parte da carreira, em especial nos anos 70 e 80, durante a ditadura militar, quando foi um dos artistas mais censurados do país. O gosto por “cutucar” em temas que abordam “a hipocrisia” da sociedade continua forte.  “Estou muito preocupado com o rumo que o Brasil está tomando. Tenho 70 anos, participei da famosa passeata dos 100 mil, em 1968. Em meu disco mais recente, ‘Gatos e Ratos’, eu falo que em nosso presente o futuro desponta como uma volta ao passado. Não que eu seja pessimista e ache que estamos beirando o caos, mas estamos perdendo o bonde do tempo”, assinala Odair. O cantor reafirma que “não irá se calar” e que “falará o que pensa, através da música, doa a quem doer”. Apesar do sucesso colhido há quatro décadas, ele lembra que incomodou bastante a elite da sociedade ao trabalhar temas como a liberação da maconha (na música “A Viagem”), preconceito às empregadas domésticas (“Deixe Essa Vergonha de Lado”) e às prostitutas (“Eu Vou Tirar Você Deste Lugar”). Odair recorda que muitas das alcunhas que recebeu, como “O Cantor da Pílula”, “O Terror das Empregadas” e “O Bob Dylan da Central do Brasil”, tinham a intenção de ridicularizá-lo. “Até entendo, mas meu trabalho mexeu com um lado escuro, a hipocrisia do ser humano. Felizmente as novas gerações estão fazendo uma leitura diferente e correta dessas músicas”. Falando em polêmicas, Odair não sabe se continua excomungado pela Igreja Católica. O fato aconteceu há exatamente 40 anos, durante os shows do disco “O Filho de José e Maria”, composto como uma ópera popular. “Das 18 músicas, oito foram censuradas. Mas cantei todas no teatro. A Igreja considerou uma blasfêmia a parte que diz que José e Maria se casaram. Para ela, não se pode casar em outro lugar que não seja na igreja. Quis consertar um erro. Se a excomunhão foi consumada, não sei. E não me interessa”, assevera. Serviço – Odair José. Amanhã, às 23h, n’A Autêntica (Rua Alagoas, 1172 – Savassi). Ingressos: R$ 35 (antecipado) e R$ 45 (portaria)

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