Na À Lá Garçonne, Herchcovitch brilha com uma moda pop e altamente desejável

Estadao Conteudo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
24/10/2016 às 14:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:21
 (Reprodução)

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O cenário é o MASP, um dos maiores pontos turísticos de São Paulo, conhecido por ser anfitrião de passeatas, feiras hippies e intervenções artísticas. Nesta segunda, 24, a À Lá Garçonne ocupa o coração Av. Paulista para um desfile a cara dessa cidade: inovador, plural e exclusivo.

A marca de Fábio Souza vai na contra mão do movimento da moda rápida e aposta na reutilização de materiais antigos e recriação de peças vintage. As criações são de Alexandre Herchcovitch, marido de Fábio e estilista da marca desde que deixou a grife que leva o seu nome, em fevereiro deste ano.

Em tempos de lojas vazias e mercado desaquecido, Herchcovitch sabe o caminho certo para conquistar o consumidor: Ele aposta na continuidade da última coleção, que conquistou os fashionistas brasileiros e virou hit de fotos de look do dia, e conta com parcerias com marcas populares para a fabricação de peças, Hering, Converse, o joalheiro Hector Albertazzi e Camisaria Colombo são alguma delas.

Em entrevista, Herchcovitch fala sobre a vida fora da marca que leva seu nome, a nova coleção e as parcerias com as marcas.

Como funcionam suas parcerias?

Na primeira coleção, a gente conseguiu parcerias bem importantes, por exemplo a Hering, a Converse, o Hector Albertazzi, de joias, e a gente propôs uma parceria um pouco diferente do que eu sempre pratiquei. Em vez de eu pedir patrocínio em dinheiro, eu queria em desenvolvimento de produto, ou seja, que eles desenvolvessem aquilo que eles tem melhor 'know how' e também uma parceria que vendesse exclusivamente nos meus pontos. E nessa coleção, a gente estendeu esse tipo de parceria para outros parceiros, como a Colombo, de alfaiataria, que a gente sabe que é uma marca de alfaiataria masculina de grande difusão. Eu fui lá e perguntei se eles não confeccionariam a minha parte de a alfaiataria, com o 'know how' deles, mas para a À Lá Garçonne, que é pequena. É mais ou menos o inverso do comum.

É mais ou menos o que a Vetements fez na última semana de Paris?

A vida inteira eu fiz parceria, pra mim não é novidade nenhuma o que a Vetements faz. Eu comecei em abril, obviamente que eles estavam fazendo a mesma coisa que eu, mas sem saber. Quando eu sai da Alexandre Herchcovitch e fui para a À Lá Garçonne e tive que fazer um desfile em 45 dias, eu liguei para todos os meu parceiros, foi meio o que deu para fazer, e foi bom para todo mundo, agora a gente dobrou o número de parceiros.

E como está a vida independente de um chefe? Porque antes, por mais que você tivesse uma liberdade, você estava dentro de uma empresa.

Eu tenho um chefe, o Fábio é meu chefe.

E ele exerce esse papel? Que tipo de chefe ele é?

Ele é um chefe de uma marca que sabe muito bem o que quer. A À Lá Garçonne quem fundou foi ele há dez anos atrás.

E como é ser brifado pelo marido?

Tem que dividir. Eu me encaixo muito bem em qualquer trabalho e assim que eu sai de lá, ele falou 'acho que a gente pode abrir a marca de roupas' e eu achei ótimo. No dia a dia ele sabe exatamente o que ele quer. As pessoas acham que eu estou mentindo quando eu falo isso e que eu, por ter mais experiência que o Fábio, sou o dono. Eu não sou nem sócio da À Lá Garçonne.

Como funciona a divisão do trabalho dentro da marca?

Eu sou um estilista, não diretor de criação, ele é o diretor, eu vou atrás de todos os negócios, porque não adianta, eu que vou. É um tal de começar de novo com 25 anos de experiência. No dia a dia é assim, eu desenho, mostro os desenhos e explico como a roupa vai ficar, e ele fala do que gosta e o que não gosta.

O que ele achou da primeira coleção?

Ele ficou muito satisfeito, todos ficamos, porque foi uma coisa que foi levantada em 45 dias e a aceitação da parte comercial foi muito grande. Aquelas roupas pintadas a mão, fizemos 5 de couro, mais 5 militares. Tivemos que fabricar 1.50. Elas custam de 1.890 à 5.390

Essa nova coleção está bem parecida com a antiga. Porque dar essa continuidade?

O Fábio que quis continuar com as cordas, 'aqui vai ser assim' ele falou. Eu gostava de fazer tudo novo, achava que como criador, para mim era muito importante essas viradas. Eu sempre trabalhei assim. Mas agora estou conseguindo exercer um outro lado, porque o Fábio falou para continuarmos com um monte de coisa. gente vendeu a coleção toda com exclusividade na NK, e as 20 jaquetas que ela comprou esgotaram em uma semana. Como eu não vou fazer de novo? Ela já está com lista de espera pra essa jaqueta da nova coleção. Eu não quero que uma pessoa que fez o investimento na minha jaqueta de corda, vá no meu desfile e sinta que essa peça está velha. Não, ela continua maravilhosa, e será eterna, porque ela é um ícone da À Lá Garçonne.
 

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