No Festival de Gramado, protagonismo feminino em alta

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
23/08/2017 às 11:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:13
 (VITRINE/DIVULGAÇÃO)

(VITRINE/DIVULGAÇÃO)

 GRAMADO (RS) – O feminismo é a tônica do 45º Festival de Cinema de Gramado, iniciado na última sexta-feira, na serra gaúcha. Dos três filmes brasileiros em competição, dois falam de maneira muito direta do empoderamento feminino, exibindo uma ruptura de modelos antigos que tinham no homem o papel preponderante de uma sociedade ou relação.


Curiosamente, tanto “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky, quanto “As Duas Irenes”, Fábio Meira, o conflito se estabelece se estabelece de forma muito semelhante, a partir do convívio entre mãe e filha. Enquanto o primeiro se passa num centro urbano, nos dias de hoje, o segundo se desenrola em algum lugar do interior brasileiro, no que parece ser o início da década de 70.

 Com a participação de duas atrizes do elenco do grupo mineiro de teatro Galpão, Inês Peixoto e Teuda Bara, “As Duas Irenes” mostra a descoberta de uma garota (Priscila Bittencourt) de uma outra família do pai (Marco Ricca), em que a filha (Isabela Torres), de mesma idade, tem o seu o nome: Irene. O convívio entre elas mudará não só a relação com o pai como também com o que está ao redor.

 Priscila e Isabela não tinham experiência em atuação e participaram de um curioso processo de trabalho, em que só tiveram acesso ao roteiro dias antes das filmagens. “Foi muito importante a confiança que os pais tiveram em mim. E a cena que eu passava, elas queriam saber o que aconteceriam em seguida, fazendo tudo de forma muito natural”, detalha o diretor.

 A questão do feminismo, representando pela maneira como as duas Irenes desejam tomar o lugar do pai na cabeceira da mesa, dentro de uma sociedade patriarcal, é vista como algo “bastante orgânico” por Meira, criado numa família em que as mulheres tinham mais voz ativa do que os homens. “Cresci cercado por mulheres fortes. E, para mim, o mundo era assim”.

 Ricca observa que o filme vai além do tema feminista, destacando como elemento principal a “transmutação” das protagonistas, que são saem transformadas desse contato. Apesar de enganar duas famílias por tanto tempo, seu personagem é doce e generoso, um contraste desejado pelo diretor, “para que ele não fosse julgado pelo espectador”.

 Meira também comentou a nudez das garotas, considerada desnecessária para alguns jornalistas presentes no debate. “Toda a cena foi feita sem erotizar. O que há é a admiração de uma, magra e que nunca viu o corpo das irmãs, pela outra, mais desenvolvida”, analisa. Para Isabela, a mais “desenvolvida”, concorda. “Claro que a nudez incomoda, mas ela é mostrada de maneira sutil”.

 *Viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado

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