No Oi Futuro, dança, música e repúdio às atitudes do poder público

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
02/10/2013 às 10:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:58

Assumidamente uma aposta em novos trabalhos de dança (de núcleos menores, de outros estados e de artistas daqui, dispostos a se manter operantes quando os grupos deixaram de ser o único meio viável de produção), o "1, 2 na Dança – Mostra Internacional de Solos e Duos" completa dez edições. Pena, o projeto nunca recebeu menos recursos de lei, nem propostas locais quanto neste ano.

Sem conclusões claras sobre a escassez de mineiros, mas inclinada a pensar que os artistas se habituaram a criar só quando têm recursos (realidade oposta ao de solos e duos dos mais diversos Estados que requisitaram lugar), a produtora Jaqueline de Castro avalia esta edição como "simples, consistente e honesta". Confira.

Acolhido pela quarta vez no Teatro Oi Futuro/Klauss Vianna, após uma relação umbilical de sete anos com o Alterosa (onde Wagner Tameirão, gerente do Memorial Minas Vale, se uniu ao projeto), o "1, 2 na Dança" acontece de hoje a domingo. Escala 13 solos, todos com apenas seus criadores em cena e inéditos, ao menos na cidade.

Abertura imperdível

Logo na abertura, Wagner Schwartz exibe "Piranha", Prêmio APCA de 2012 de Melhor Projeto Artístico. Nascido em Volta Redonda (RJ), o coreógrafo e performer despontou em Uberlândia, onde estudou Letras. Radicou-se depois em Paris e Berlim e, agora, em SP.

Produção do grupo Grial, de Recife, "Terra" traz a bailarina Maria Paula Rêgo, 50 anos, em seu primeiro solo. Aborda a questão indígena no Brasil e envolve artistas muito reconhecidos da cena pernambucana: o percussionista Naná Vasconcelos (trilha sonora) e o artista plástico Dantas Suassuna (cenografia).

Na quinta-feira (3), se exibem "Bestiário", de Izabel Stewart; "Vem pra Fora", de Malcolm Mateus, e "Cutou", de Rodrigo Andreoli, selecionados dentre 68 inscritos no edital. Na sexta, três bailarinos da Hibridus, de Ipatinga.

"Rosa Antuña" abre o programa de sábado com "O Vestido", visto no Festival de Joinville como work in progress de um espetáculo longo. Aline Corrêa exibiu antes "Cicatriz", num evento de rua, no Rio. Aqui, a promessa é estar nua nos 17 minutos do seu solo.

Veteranas Duas grandes veteranas no programa de encerramento, no domingo: Sônia Mota com "Busca Opus 65", de 1985, reexibido no Move Berlim há cinco anos. Especialmente convidada, Dudude Herrmann homenageia os 100 anos de "Sagração da Primavera", a obra clássica de Nijinsky com Stravinsky. O "1, 2 na Dança" promoveu também uma residência de bailarinos e um músico local com bailarinos ibéricos; e o lançamento de "Palavra Projétil, Poesias Além da Escrita", segundo livro de Paulo Emílio Azevedo, antropólogo e coreógrafo, ex-grupo Membros, de Macaé (RJ). Elaboram ativismo político na dança de rua. Movasse & Cia A união faz toda força: o Coletivo Movasse integra as comemorações pelos 20 anos do Teatro Alterosa em pauta conjunta com seus parceiros (Dança Jovem e Gabriel Zenlon, na dança, e o músico e compositor Kiko Klaus), até domingo (6). O Dança Jovem apresenta hoje números de improvisação e "Revés", de Rafael Bittar. O próprio Movasse apresenta o imperdível "Play List", quinta e sexta. No sábado, Kiko faz "Reconstruído e Reinventado". E Zenlon exibe o solo "Carta ao Avô", no domingo. Os horários se adaptarão aos do "1, 2 na Dança". A plateia poderá se manifestar num caderno colocado no saguão. A intenção é que esta ocupação do Alterosa seja encarada como um ato político contra "o tratamento abusivo dispensado pelos poderes públicos à Cultura local".

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