'O Brasil me deu uma longevidade, uma família', diz grego

Elemara Duarte - Hoje em Dia
21/07/2015 às 09:57.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:00
 (Divulgação)

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Em BH há quase 60 anos, artista plástico grego Filippos Xenos, aos 89 anos, fala sobre guerras e arte e dá lição de humanismo em entrevista ao Hoje em Dia:

10 MIL ANOS DE CULTURA HELÊNICA EM UM “AP”

O que são os ícones gregos?
Filippos Xenos - Eles são a representação de uma figura sacra. Mas o ícone bizantino, que é a pintura grega, possui regras específicas sobre a formação dos rostos. Note figura do Cristo, que é uma figura austera. (Diz, apontado para os quadros sacros na estante do apartamento) A Nossa Senhora também é uma figura austera de uma mãe, de uma senhora. Ela não tem grandes enfeites. Não pode embelezá-la. E este é um arcanjo – como são seres de outra dimensão, eles não pisam em terra. Nós pensamos sobre os nossos santos, o Cristo, Deus ou Nossa Senhora, como vindos de um plano muito superior ao nosso. Não é aquele velhinho de barba branca, com o Cristo do lado e uma pomba branca atrás dele. Deus vai muito além disso. Mas eu gosto de ícone como se fosse uma arte.

Deus não seria tão humano?
Não é humano, mas, ao mesmo tempo, é muito humano, pois segundo as escrituras, nós somos feitos à sua própria imagem. Ou seja, além de tudo isso, nós temos cérebro, que diz: “Vai lá e pensa por conta própria”. Aí é a diferença de espiritualidade com dogma. O dogma tem regras. O dogma diz: “Acredite e não procure saber”. Já a espiritualidade diz: “Eu vou procurar saber, sim”. Mas Deus é ciência. Para criar um ser humano, a partir de um espermatozoide e de um óvulo… É a formação de um universo novo através de uma semente, que traz não sei quantas sementes de DNA lá dentro. Se isso não é ciência, não sei o que é então.

Então, os mitos formam o lado pagão?
O grego é meio pagão ainda e continua a ter costumes de 2.500 anos. Estes mitos ainda têm muita importância por lá, mas folclórica. Por exemplo, esta daqui faz parte da mitologia “cicládica”. Vem de Cíclades, um aglomerado de ilhas que (geograficamente) forma um círculo. Lá começou uma das primeiras civilizações do Mediterrâneo. É uma representação de uma pessoa (parece com uma estatueta do Oscar). Aqui está a “esfinge”, que também faz parte da mitologia grega.

Qual é a relação desta imagem com aquela gigantesca que há no Egito?
Os gregos são posteriores aos egípcios e aprenderam muitas coisas através deles e dos mesopotâmios também. Mas eles transformaram todo este saber em uma coisa própria. Hojem, isso se transformou no saber no mundo pelo simples fato de que os antigos gregos abriam escolas. Enquanto no Egito tudo era segredo. Ninguém sabe como foram construídas as pirâmides. Mas todo mundo sabe como foi construído o Partenon. Eles deixaram desenhos, escritos, pois achavam pecado guardar segredo.

Eram as academias?
Quem quisesse aprender ia até a academia, que era como se fosse um bairro de Atenas, na época. O dono (mitológico) deste local se chamava “Academos” (o local era conhecido como “Jardim de Academos”, foi criado por volta de 378 antes de Cristo - “a.C.”). Platão (filósofo grego que viveu entre 427 e 347 a.C.) construiu uma escola no local. A história do grego é como se fosse hoje, nós vivemos com isso. Quando fala-se de Sócrates (470 ou 469 a.C) e Platão (que foi discípulo de Sócrates), isso é nosso, estamos pisando na mesma terra, no mesmo ambiente que eles. Onde os gregos foram, eles construíram, não pilharam. Eles queriam impostos, mas deixaram legados, aquedutos, entre outras obras.

E o olho azul grego?

Este olho circula por toda a área dos Bálcãs. Os gregos, turcos, sírios, egípicios, libaneses, todos produzem esta peça para vender para os turistas. E cada um chama de seu olho. Mas na verdade é o “olho de Pandora”, que tudo vê. Os gregos o usam somente para as crianças. A criança recém-nascida sempre vê muita gente. Pendurando isso nela, que quando alguém olhar, ao mesmo tempo desvia o seu olhar e vai naquele olho azul. Por isso que o grego tem o costume de soprar três vezes, pois afasta o pensamento mal para que a criança não alcance.

 

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APOGEU, CRISES E GUERRA NUNCA MAIS

O povo grego tem quantos anos de tradição cultural?
São mais de 10 mil anos de história escrita nas costas. Mas é um país árido, a paisagem é bonita, mas é muito pobre em recursos naturais. É um sacrifício para o grego plantar para comer. Eu até hoje me pergunto, como em um país tão pequeno, nasceram tantos gênios. Tivemos o auge da Magna Grécia até o período Bizantino, por volta do ano 1.500. Com a Magna Grécia, com Alexandre Magno (“Alexandre, o Grande”, 356 a 323 antes de Cristo, a.C.), fomos à Índia, e com Julio Cesar (100-44 a.C.), fomos à Inglaterra. Então, começou a decadência, pois o Império Otomano conquistou toda aquela área. Depois de 400 anos, os gregos ganharam sua independência no Império Otomano (“Revolução Grega”, de 1821 a 1829). Estamos há 140 anos livres. Hoje, somos poucos no mundo, apenas 27 milhões. Somente na Grécia são cerca de 10 milhões de pessoas. Mas pesquisas de universidades informam que nosso DNA circula em todos os continentes.

Como foi a independência?
A independência foi com muita guerra. Amanheceu um país livre, mas pelado de recursos. Os “capitães”, com o próprio dinheiro deles, armaram os soldados para lutar. Então, começaram os empréstimos. Devagar, a Grécia começou a se individar. Depois, aconteceu a 2ª Guerra Mundial, e os únicos que nos deram o nosso valor neste mundo, não foram os ingleses, nem os americanos, nem os franceses, mas Hitler, justamente o nosso inimigo. Nas memórias que ditou ao general Bormann, ele disse que o único assunto sem a mínima importância, que lhe estragou todo os planos de guerra chamava-se Grécia. Foi o único país que não se rendeu. Quando fomos atacados pelas tropas do Mussolini (1883-1945, político italiano, líder do Partido Fascista, na chamada “Guerra Greco-Italiana”, de 1940 a 1941), ele pensou que em três dias estaria em Atenas.

Mas a Grécia não estava neutra na guerra?
Sim, a Grécia tinha declarado neutralidade. Mas, a Inglaterra vendo oportunidade, foi oferecer socorro. Hitler se reuniu com Mussolini e viram que estavam perdendo e reuniram a maior força de exército que se viu na época. Nunca se viu tanta batalha com tantas tropas. Foi em solo albanês, que estava ocupado pelos gregos. Era um solo acidentado. Lá, os soldados gregos aproveitaram as montanhas para se abrigar, por meio de túneis. Em um deles, o bombardeio foi tão grande que a montanha diminui 60 metros. (Mussolini voou para a Albânia para assumir pessoalmente o comando da batalha. Mas frente à resistência grega, o italiano decidiu finalmente suspender a ofensiva).

Há algum registro deste confronto por lá hoje?
Na Grécia há dois cemitérios alemães. O governo alemão se recusou a retirá-los de lá. Em um deles, no continente, estão enterrados 20 mil soldados. Em outro, estão sepultados cerca de 20 mil paraquedistas de elite, e fica na Ilha de Creta. A guerra acabou com a tropa deles. Mas os gregos também pagaram o pato. Houve muito mais mortos, especialmente em fuzilamentos. Mas, com este assunto, se perdoou um pouco a dívida com a Ingletarra e conquistamos o “dodecanismo”. Ou seja, tivemos de volta as doze ilhas que estavam nas mãos dos italianos.

O senhor poderia falar da Guerra Civil da qual participou?
Eu participei dela todinha. Foi em 1946. Um ano depois da 2ª Guerra Mundial. Foi uma guerra entre nacionalistas e comunistas. Eu estava do lado Nacionalista. Mas eu militei no lado comunista na 2ª Guerra Mundial – na ocupação alemã. Não lutei, participei. Fui espião dos estaleiros. Era uma espionagem mais mental, tinha que saber quando os aviões estavam prontos para levantar voo, quando estavam em manutenção e quando estavam fora do combate. Todas essas informações iam para o Oriente Médio, onde estavam os Aliados (União Soviética, os Estados Unidos e o Inglaterra eram as principais forças). A Grécia estava ocupada pelo Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Assim, eles saberiam que forças iriam encontrar na frente deles.

Lembra do fuzilamento que presenciou?
Estava com meu irmão. Eu tinha 17 e ele 11, 12, anos. Nas horas vagas eu vendia azeite em troca de cigarro e temperos. Veio a Gestapo e nos prendeu junto de outras pessoas. Não sabíamos do que se tratava. Depois descobrimos que iam fuzilar dez de nós. A acusação é de que alguém tinha batido em um alemão. Tinha um rio seco, selecionaram entre nós e colocaram os dez contra uma parede de terra. A única coisa que pensei foi levantar o paletó cobrir o rosto do meu irmão: “Meu filho, não é para você ver isso”.

Como era sua vida na Grécia?
Eu estudava, trabalhava, mas quando houve a ocupação alemã, eu estava com 15 anos. Até os meus 16 anos, houve uma certa calmaria, pois os alemães se apresentaram como “gentlemans”, afinal, queriam pegar o povo para o lado deles. Era mais fácil entrar para a Gestapo (polícia secreta alemã) do que para a guerrilha. As guerrilhas começaram nas motanhas, que atacavam os comboios alemães. Então, o público da cidade começou a pagar o pato. Os alemães pegavam os gregos em qualquer hora e trancavam na prisão. Quando queriam punir, levava para o paredão. Aos 17 anos, você não entra na guerrilha, “te” entram. A guerrilha era tão fechada que precisava de alguém por fora, que conhecesse a pessoa que iria entrar. Eram necessários três fiadores. A tendência era comunista. E lá fomos nós contra as tropas de Hitler. Elas foram expulsas da Grécia em 1945. Não ganhávamos nada. Era por amor à pátria.

Se os alemães o pegassem, o senhor não estaria aqui conversando conosco.
Azar o meu! (Risos) Naquela época era assim. Se eu fosse preso, eles conheceriam mais uma ou duas pessoas da guerrilha no máximo. Eu não conhecia todas as pessoas da guerrilha. Era muito fechado. Eu cheguei a expulsar da guerrilha cinco meninos, de 12, 13 anos, pois eram muito pequenos. Crescemos rápido com a guerra. Não se tem infância. Se começar a falar da minha vida, por exemplo, de príncipe virei mendigo. Tinha uma vida muito boa, através da minha mãe que tinha uma indústria de “roupas brancas” (lingerie). Não havia fábrica para fazer. Minha mãe era funcionária de primeira qualidade na melhor “casa de moda” da Grécia, onde toda as embaixatrizes se vestiam.

 

NOS PALCOS, UM “TIPO” INESQUECÍVEL

Esta carteira era de trabalho?

Aqui diz quando me apresentei no exército grego, depois da guerrilha. Fui convocado. Lá, o serviço é obrigatório. Sem querer, eu me transformei na elite do exército grego. Mas eu não era (militar) profissional, o que me obrigou a vir para o Brasil. A carteira diz “ultra secreto”. Eu me apresentei em 1946 e, em 1956, foi o final da minha carreira. Dez anos.

E por que acha que gostaram do senhor?

Porque no exército, para se dar bem, ou você dá uma de burro, ou mostra toda a sua capacidade e inteligência.

Certamente, o senhor ficou com a segunda opção.
Eu nunca me abaixei! E aqui é a minha profissão real, que não falo com ninguém. (Risos… E traduz do grego.) “Formado em escola dramática”. Profissão: “Estudante”.

Como era a sua família na Grécia?
Perdi a minha mãe aos 12 anos, com peritonite. Éramos três irmãos. O grego não sabe contar mais que dois, três filhos. (Risos…) As famílias são pequenas. A partir dos 12 anos comecei a trabalhar. Meu pai era restaurador como eu. Já fazia restauração, paralelamente ao teatro.

Como ingressou na arte dos palcos?
O teatro é um exercício que qualquer um tem que fazer. O teatro lhe aguça os sentidos. Eu militei na melhor escola de teatro da Grécia. Vi um anúncio no jornal e pensei: “Por que será que não entro para fazer teatro”. Eu era inquieto. Eu fui e vi umas 400 pessoas em um pátio e pensei comigo, lembrando do provérbio grego: “O que a raposa quer no mercado? Apanhar?” Era um mais bonito que o outro. Isso não é para mim. Por lá passaram atrizes como Melina Mercouri (1920-1994), Irene Papas, o “top” do teatro grego. Perguntei a eles o que queriam comigo. Então me disseram que faltavam os “tipos” e que se colocassem 30 bonitos, a peça sairia um cacareco.

E aceitou essa condição numa boa?
Eu aceitei. Disseram que nunca ia me faltar serviço. Então mostrei o meu talento e fiz duas peças. No segundo ano comecei a dar aulas. Não concluí o curso por um simples fato – foi quando me disseram, se você não cair fora, vai passar sua vida soldado. Era crise lá. Primeira escolha para migrar seria Canadá, Estados Unidos, Austrália ou Nova Zelândia. Mas quando fui às embaixadas me perguntaram se eu tinha sofrido na guerra, perdido família, casa? Eu disse que não. Eles disseram: “Então, você é um feliz. Vamos dar oportunidade para aqueles que sofreram”.

 

NO BRASIL, SEM EMPREGO, MAS COM UM AMOR

Como chegou ao Brasil?
Cheguei no Brasil em 1957, queria ficar de dois a três anos para passar minha idade de ser chamado no exército. Foi o único país que me aceitou naquela época. O Brasil passou a receber imigrantes. Vim, mas não sabia da situação, pois aqui não tinha emprego. A situação por aqui estava como na Grécia. A mesma coisa acontece hoje por causa da crise, por isso, os gregos saem. O país diminuiu em 200 mil gregos. O evangelho do imigrante é mesmo no mundo inteiro. Seja do brasileiro para fora ou do grego para cá. Todos querem ir para um país trabalhar e guardar a metade da renda. De São Paulo eu vim para cá. Vim para Belo Horizonte por causa do clima e também tinha amigos aqui.

O senhor acha que a crise na Grécia vai demorar a acabar?
Não. E não vai acabar no mundo. Porque quanto mais cresce a população, mais as necessidades aumentam, e mais o capital quer o dinheiro de volta. Se me perguntam: “Você é a favor do capitalismo?” Sou. E se perguntarem de novo: “Mas você é contra o socialismo?” Digo que não. Tudo depende de quem dirige. No meu país, a solução é acabar com os privilégios. O governo transforma o povo em malandro. Quando começa a dar mordomias para ganhar eleição, acostuma mal o povo. Quando você aposenta um cara com 50 anos de idade e quando dá a ele 18 salários por ano, ele não quer perder privilégios. Se individaram sem ter a renda. E não era nem dinheiro deles, era importado de bancos europeus. Certa culpa também tem a comunidade europeia, porque também não foi estruturada para ter o controle dos outros países que fazem parte da comunidade.

Que país acha que vai encontrar quando voltar para visitar os parentes?
Uma coisa é o país, outra coisa é o governo. Meus familiares perderam alguns privilégios. Diminuíram nas aposentadorias. Mas toda minha família continua trabalhando. O povo continua o mesmo, trabalhador. Pode falar tudo do grego, mas que é trabalhador é. Eles recebem 24 milhões de turistas por ano. Esse pessoal quer transporte, comida, bebida. Quem fornece isso? O funcionário grego. E na Grécia, se não ralar, não come. A vida é de primeiro mudo, mas senão trabalhar o pai e a mãe, e os avós cuidarem dos netos, a família não se controla. E eles têm sonhos. Porque o sonho de qualquer população do mundo, não é apenas comer um prato de comida, é o supérfulo.

O que é mais difícil: ser um artista na Grécia ou no Brasil?
No Brasil.

Por quê?
Porque a arte ainda não chegou ao povo. A cultura ainda não chegou ao povo. O que é cultura? É cultuar, semear, aprender. Eu cheguei ao Brasil com 50 milhões de habitantes. E piorou. Dos quais ainda permanece até hoje, com alguma cultura. O restante, não aprendeu nada. E a educação vem de cima, das elites. Vá até a França, à Itália, à Grécia. Qualquer “avant-première” de teatro, de cinema, de exposição, vemos os políticos, presidentes. Se não fossem os nobres da Idade Média sustentarem os pintores e compositores, onde iria a nossa cultura? A nobreza, por incrível que pareça, patrocina a cultura. Quantas vezes você viu um presidente brasileiro em uma première de teatro?

Sinceramente, não me lembro de ter visto.
Então, como o povo vai aprender? E a pouca elite que vai, tem alergia do pobre.

O que o senhor ganhou do Brasil?
O país me deu uma longevidade, uma família. Que outra coisa eu quero? Caixão não tem gaveta. Tenho onde morar, tenho o que comer. Pronto. E eu não sou arcaico. Eu vivo no ano de 2015 e recuso a me sentir nonagenário. E eu detesto gênio. Não vai nascer um que sabe tudo. Cada um tem o seu lugar. E isso eu passei para o meu filho. (Filippos é casado com a mineira Marília de Dirceu, com quem tem um filho já adulto)

E os filósofos que admira?
O primeiro é o Aristóteles (384-322 a.C), que falou que o ser humano é um “animal político”. O segundo é Sócrates, que disse: “A única coisa que eu sei é que eu não sei de nada, e envelheço sempre aprendendo. E conheça a ti próprio”. E o terceiro é o Cristo, que falou uma frase muito curta, humana e universal: “Não faça a outra pessoa aquilo que não faria com você”. Essas três coisas eu sigo.

Dos artistas brasileiros de quem restaurou quadros, qual deles mais o ensinou?
Di Cavalcanti, Volpi, Guignard… Todos eles. Eu gosto do abstrato ao figurativo, mas quando é feito com honestidade. Eu sei identificar se este trabalho é bom ou não, ou é somente nome. Por exemplo, o pintor mais sacana do mundo, nos últimos tempos, é o Picasso – fazia qualquer droga e assinava “Picasso”, porque não era bom pintor. Honesto com ele a vida toda foi o Dalí, toda vida foi aquilo. Honestíssimo.

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