Obra completa de Wander Piroli volta às livrarias com inéditos

Elemara Duarte - Hoje em Dia
09/10/2014 às 08:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:32
 (Ilustração Odilon moraes)

(Ilustração Odilon moraes)

Nas lojas – Ilustração de “O Matador”: “A Lagoinha está em tudo, a minha visão do mundo é a visão da Lagoinha”, resumiu, certa vez, Wander Piroli

É tempo de reverenciar Wander Piroli (1931 – 2006). Nesta semana, por exemplo, chegam às livrarias, sob o amparo da editora Cosac Naify, os dois primeiros livros de uma série de nove títulos infantojuvenis do autor. Para completar o pacote, o escritor e jornalista é o patrono da 3ª edição do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), que começa nesta quinta-feira (9) e segue até domingo (12).

Obras de Piroli para adultos também estão sob os cuidados da casa editorial paulista. O material deve chegar brevemente às livrarias, em edições bem cuidadas e com material inédito, conforme avisa, a diretora do Núcleo Infantojuvenil, Isabel Coelho. E ela, aliás, que explica a simplicidade do texto do belo-horizontino: “Na obra, poderá ser visto o quão simples é o texto dele. Mas é algo que toca”.

Isabel e a equipe dividiram os livros em dois eixos. Um deles, “Livro ilustrado”, com textos mais “fortes, pungentes”. Caso do primeiro título que sai da nova fornada, “O Matador”. E o eixo das “noveletas”, como o próprio escritor denominou. Caso da edição inédita de “Três Menos Um é Igual a Sete”. “São textos que mostram o núcleo de uma família e a relação entre o urbano e o rural”, explica Isabel. Cada título será vendido a R$ 36,90. Os próximos serão “O Menino e o Pinto do Menino” e “Os Rios Morrem de Sede”.

L famiglia


Filho de família operária de origem italiana, moradora do bairro da Lagoinha, Piroli buscou inspiração nos assuntos da periferia e da boemia dos anos 1930 e 40 para expor seu realismo. Casada por 53 anos com o escritor (união que gerou quatro filhos), Maria Aparecida Ferreira Piroli, 79 anos, diz que o marido escrevia muito, mas não publicava tudo.

“Tínhamos filho quase todo ano. Com os textos, ele entrava em concursos para tentar os prêmios”, diz, sobre o “aditivo” no orçamento caseiro. Maria Aparecida vive nesta quinta no bairro da Serra com uma das filhas e uma neta. E soma sete livros ainda inéditos do marido. “Há uma peça de teatro, romances e muitos contos espalhados. Ele dizia que estes livros iam ficar para ‘a minha equipe doméstica’”.

Jornalista ajudou a fundar o Hoje em Dia

Wander Piroli ajudou a fundar o jornal Hoje em Dia. Ele foi convidado para resgatar o “Diário de Minas”. “Entretanto, seu projeto foi tão inovador que ficou incompatível com aquele jornal tradicional. Então, fez a proposta de manter o ‘Diário de Minas’ na mesma linha e criar um outro jornal, de cunho popular. O nome Hoje em Dia nasceu em sua escrivaninha, no meio de suas escritas. Nós, filhos, acompanhamos essa escolha, dando palpites”, lembra uma das filhas do jornalista, Silvana Piroli.

“O jornal era voltado para as pessoas comuns, mas a equipe era especial e as reportagens e matérias, inovadoras. Foram introduzidas as cores, ausentes no jornalismo à época, com o seguinte propósito: cada caderno tinha uma cor, representada na margem, e os títulos da primeira página vinham com a cor do caderno que continha a matéria”, acrescenta Silvana.

Em uma de suas crônicas, de 1989, veiculada em uma série na Rádio Inconfidência, Wander Piroli confirma isso: “Tudo pronto, desenhado, faltava apenas o nome – a logomarca. Tínhamos relacionado centenas de títulos possíveis. Nenhum deles se casava satisfatoriamente com o jornal e quase todos já estavam registrados. Precisávamos levar o projeto para aprovação do dono. Já tínhamos até data marcada para o lançamento. Foi aí, na base do aperto, que sugeri e escrevi no papel o nome Hoje em Dia. O ‘Hoje’ grande e o ‘Em Dia’ pequeno, usando o preto e o amarelo”.



 

Palestras, oficinas e exposição

O escritor homenageado do “Fliaraxá” neste ano é o mineiro Luiz Vilela. A curadoria do evento é dos escritores Humberto Werneck e Leo Cunha e do jornalista Afonso Borges. Nesta quinta, durante a abertura, na Fundação Cultural Calmon Barreto (praça Arthur Bernardes, 10, Centro), às 10h30, o romancista Luiz Ruffato fala sobre o tema “Leitura Para Um Mundo Melhor”. Até domingo, palestras e oficinas estarão a cargo de escritores, jornalistas e atores como Eliane Brum, Eduardo Moscovis, Fabrício Carpinejar, Marcia Tiburi ou Martha Medeiros entre outros. O “Fliaraxá” traz, ainda, até dia 30, no Grande Hotel (que completa 70 anos), a mostra “Quartos de Escrita – Retratos de Escritores em Hotéis”, do fotógrafo Daniel Mordzinski.

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