Odair José critica os hipócritas no disco 'Gatos e Ratos'

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
18/11/2016 às 16:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:42

Odair José chamou a atenção da mídia no ano passado ao lançar o álbum roqueiro “16”. Meses depois, mostra que gostou de mergulhar em um universo sonoro mais “pesado” e lança agora o também roqueiro “Gatos e Ratos”. 

“Ainda estou um pouco longe do que pretendo, mas talvez em um próximo disco eu consiga chegar lá”, diz.

Embora siga a mesma fórmula de “16” – músicas construídas apenas com guitarra, baixo, bateria e teclado –, o novo disco vai além ao trabalhar o conceito. As dez faixas de “Gatos e Ratos” tratam de questões políticas da contemporaneidade e, especialmente, sobre a hipocrisia dos muitos que apontam dedos, mas não sabem olhar para os próprios umbigos. 

“Usei o símbolo do gato e rato para falar da importância de se respeitar as diferenças, e ficar cada um em seu quadrado. Sinto que as pessoas são mais policiadas de forma preconceituosa hoje do que nos tempos da ditadura. A censura da hipocrisia é muito grande”, afirma o artista, que teve problemas com a censura durante o governo militar, especialmente por causa do grande sucesso “Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)”. 

Lembrança

Odair é um cronista musical, se destacou nos anos 70 ao falar de temas intocáveis, embora populares – como defender a profissão das empregadas domésticas e o amor entre uma prostituta e seu cliente. 

Mas ele sente que não mergulhava tanto em um universo político e reflexivo desde o lançamento de “O Filho de José e Maria”, seu polêmico disco que completa 40 anos em 2017 e será relançado pela Sony em CD e vinil. 

“Na época, houve uma rejeição total à minha ideia, por parte da censura, da sociedade, da Igreja. Hoje eu entendo, mas na época não entendi como algo que me esforcei tanto para fazer pudesse ser tido como ruim”, lembra Odair. “O disco trata de um personagem qualquer, cheio de dúvidas, angústias, problemas, que está em busca do Filho de Maria. Diziam que era uma blasfêmia, mas, na verdade, era uma reverência a Cristo”. 

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