(Henrique Falci)
O show que marcou o lançamento oficial – n’A Autêntica, no mês passado – atendeu a todas as expectativas. “Agora, é colocar o disco para rodar”, planeja Oleives, referindo-se ao segundo álbum de sua carreira, “De Todos os Futuros”. Na apresentação em questão, Oleives achou por bem mesclar as músicas da nova lavra às do seu primeiro trabalho, “Segunda-Feira”, com o qual, lembra, acabou fazendo poucos shows. “Estava com vontade de tocar as músicas dele, e as pessoas que foram lá conheciam mais. Mas, na verdade, as faixas dos dois álbuns meio que se dão as mãos”, entende Olavo Barbi, ou Oleives.
O disco anterior, é bom lembrar, saiu em 2010. “No caso das novas músicas, fui compondo aos poucos, por isso demorou (referindo-se ao hiato entre os dois discos)”. Ao perceber que Oleives tinha oito boas composições em mãos, nas quais, digamos assim, confiava, o produtor do trabalho – Robertinho Brant – sugeriu fechar o grupo com duas releituras.
Daí, entraram nesta história “Equatorial” e “Lígia”. “Sempre gostei dessa música, parceria do Lô Borges, Beto Guedes e Márcio Borges. No caso de ‘Lígia’, Jobim sempre teve a ver com minha vida. Mas, confesso: só topei porque o Robertinho me botou confiança. Tecnicamente, são músicas difíceis”, avalia.
Três anos
Ao todo, o processo de feitura do disco consumiu três anos, entre idas a estúdios no Rio, Nova York e Belo Horizonte – neste caso, ao Estúdio Locomotiva, do qual Oleives é sócio.
No que tange às músicas próprias, Oleives conta que as composições não foram gestadas a partir de uma diretriz pré-determinada. “Não fui pensando com um ‘algo’ como ligação. No fim, o que as liga foi o modo de produzir, o modo como mexemos no arranjo, trazendo para um ambiente comum. Fui pensando-as individualmente, se complementam por elas mesmas”.
Ao falar das faixas, ele cita, por exemplo, “Além-Mares”, que abre o disco. Trata-se de uma parceria com o poeta e jornalista mineiro Fabrício Marques (“meu parceiro mais recorrente”). “Tinha encomendado a ele uma letra que falasse de estrada, e ele captou bem o que eu queria. E o que dá um charme especial foi arranjo de metais que o Frederico Heliodoro fez, que é muito classudo. A gente ganha muito aí”, entende.
Ele também fala de “Pra Onde Vai”. “Por onde vou, quando pego o violão, já tem algo que gosto de tocar. São trechos, exercícios, que podem virar canção – ou não. Certa vez, estava em Barcelona, andando pelo bairro gótico, quando resolvi comprar um violão. Comecei a tocar no hotel, e nisso foi surgindo essa música, que fui terminando ao longo da viagem, inspirado pelas paisagens”, rememora o moço.