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Em 2014, durante a cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa a Milton Nascimento pela UEMG, não faltaram citações a Fernando Brant. Diante das reiteradas menções, o produtor Paulo Rogério Lage perguntou, brincando, ao compositor mineiro sentado a seu lado: “a homenagem é ao Milton ou a você?”.
O momento foi a deixa para que Lage propusesse ao maestro Rodrigo Toffolo, da Orquestra Ouro Preto, a criação de um espetáculo calcado nas canções de Brant. O poeta partiu no ano seguinte, mas o projeto continuou firme e, agora, está prestes a vir a público. Intitulado “Quem Perguntou Por Mim – Orquestra Ouro Preto e Fernando Brant”, o concerto acontece nesta sexta-feira (16), sábado (17) e domingo (18), no Palácio das Artes.
Nos moldes de “Valencianas”, concerto da Orquestra junto a Alceu Valença, “Quem Perguntou Por Mim” revive clássicos da produção poética de Brant, imortalizada pelo Clube da Esquina. “A ideia do espetáculo é fazer uma releitura, através da poesia, desse importante movimento musical que foi o Clube da Esquina”, afirma o maestro Rodrigo Toffolo.
“Começamos a pensar no projeto junto ao próprio Brant, mas aí o infortúnio aconteceu. Ele se foi, mas o espetáculo, que era um de seus últimos desejos em vida, foi mantido”, completa.
Toffolo explica que o nome do concerto se deve à canção homônima escrita por Brant numa madrugada, enquanto, por telefone, consolava um amigo que sofria com as tristezas de uma separação em Paris. “Como mantivemos o ‘Fernando Brant e Orquestra Ouro Preto’ no nome, muita gente brincou: ‘uai, mas ele vai estar lá?’. Claro que vai, porque participou de toda a concepção e porque, no repertório, estão algumas de suas maiores pérolas musicais”, reflete o maestro.
Entre essas pérolas estão “Travessia”, “Milagre dos Peixes”, “Encontros e Despedidas”, “Canção da América” e “Maria Maria”, que ganharam arranjos de Mateus Freire, compostos para orquestra de cordas e banda, e que serão cantadas por Leopoldina Azevedo. “A palavra vai estar presente, pois tem muita força nas músicas de Brant. Também apostamos na ligação do espetáculo com o público, que vai cantar junto. Afinal, não tem como ouvir ‘Canção da América’, por exemplo, sem cantar seus lindos versos”, diz Toffolo.
Para o maestro, o espetáculo é uma oportunidade de reverenciar o legado atemporal do Clube da Esquina. “A poesia de Brant é tão forte que cá estamos nós, uma orquestra jovem, se debruçando sobre seu cancioneiro tantos anos depois”, afirma. “Isso mostra a magia de Brant, expressão máxima da poesia musical de Minas Gerais”.
Serviço:
“Quem Perguntou Por Mim? – Orquestra Ouro Preto e Fernando Brant”.
Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro).
Ingressos: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia-entrada).