Orquestra Sinfônica de Minas Gerais em noite de tributo no Palácio das Artes

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
21/03/2014 às 07:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:45
 (Paulo Lacerda)

(Paulo Lacerda)

O maestro Marcelo Ramos brinca: “Foi a Jane Guerra-Peixe que me indicou o ‘caminho das pedras’”. Explicações: em uma reunião com a sobrinha do compositor César Guerra-Peixe (1914-1993), por conta das comemorações alusivas ao centenário de nascimento do compositor, ela sugeriu ao regente a execução da “Sinfonia Nº 2 Brasília”.

“A peça, composta em 1960, tinha uma única edição, um material manuscrito, e cheio de erros, como todo manuscrito. Fiz uma edição e, agora, vamos estrear. Por que essa peça não havia sido restaurada até então? Bem, nunca aconteceu, de as pessoas que mexem (com restauração) esbarrarem nesse material, o que foi uma sorte minha”, volta a brincar.

À frente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, e com o auxílio luxuoso do Coral Lírico, Marcelo Ramos apresenta, pois, “Sinfonia Nº. 2 Brasília” Nesta sexta-feira (21), no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, num programa que abarca, ainda, peça do compositor russo Sergei Rachmaninoff. Não bastasse, a noite traz a participação de uma solista convidada, a pianista russo-alemã Kristina Miller-Koeckert.

Ramos lembra que, ao apresentar a peça, Jane a chamou de “impactante”. Perguntamos, pois, se ele concorda com o adjetivo. “Com certeza! É uma obra de 35 minutos. E também pelo efetivo que usou, pelo (pela inserção do) discurso do Juscelino Kubitschek, é uma obra mais grandiosa, sem dúvida alguma. Guerra-Peixe era fascinado com o Nordeste, e quando teve esse insight de se inscrever em um concurso, caiu como uma luva. Ele, na verdade, contou uma historinha na obra, descreve a viagem dos nordestinos até a chegada a Brasília, e termina numa apoteose, com o discurso de JK. Tem (a peça) um sabor nordestino”.

A fala de Ramos já explica praticamente o escopo, mas vale acrescentar que Guerra-Peixe utilizou os modos mixolídio e lídio, bases da música nordestina de raiz, para compor a sinfonia que faz uma alusão aos milhares de imigrantes nordestinos que ajudaram a construir a Capital Federal.

Marcelo Ramos também falou sobre a presença da pianista russo-alemã Kristina Miller-Koeckert. “Acabei (anteontem) de conhecê-la, é uma solista excelente”, reitera ele, acrescentando que Kristina atualmente reside em Viena, e está no Brasil cumprindo uma série de concertos, em estados como o Espírito Santo e Distrito Federal.

Sobre a obra de Rachmaninoff – “Concerto Nº2 em dó menor para piano e orquestra”– que completará a noite, Marcelo lembra que precisava, para compor o programa, incluir uma peça que fosse, de certo modo, mais conhecida do grande público, e frisa que essa é uma das peças mais importantes das páginas da literatura pianística.

No cômputo geral, ele se diz “super empolgado” com a estreia (da peça de Guerra-Peixe, já citada). “Sem dúvida, será o prato principal da noite, e estamos muito felizes em dividir esse momento com o público, num ano em que se comemora o centenário do nascimento do compositor (carioca)”.

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