Os desafios de 'Porgy and Bess'

Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/10/2017 às 17:39.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:21
 (Paulo Lacerda/Divulgação)

(Paulo Lacerda/Divulgação)

Considerada uma das obras-primas da música norte-americana, a montagem de “Porgy and Bess” realizada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais é um dos pontos altos da produção de música clássica na capital mineira em 2017. Um dos maiores desafios também, já que trabalha com uma obra que rompe com os tradicionais padrões das produções operísticas ao misturar diferentes elementos musicais à composição. “Este é o maior desafio, musicalmente falando”, diz Sílvio Viegas, regente e diretor musical da produção. “Não é uma ópera tradicional, existem elementos de jazz, folk music, gospel. Ajustar estas linguagens para uma orquestra que não está acostumada a trabalhar com isso é um grande desafio”.

Outro ponto destacado pro Viegas é o pouco tempo que a orquestra teve para arranjar a peça–literalmente. “Ao contrário de obras em domínio público, só conseguimos a partitura de ‘Porgy and Bess’ depois de alguma burocracia. Diante deste outro desafio, a orquestra está mais do que de parabéns pela qualidade com que domou esta linguagem”, elogia. 

APROXIMAÇÃO

Depois de estrear no último final de semana, a montagem da ópera de George Gershwin, segue em cartaz esta semana, com uma apresentação marcada para amanhã, no Grande Teatro do Palácio das Artes. A montagem apresentada é um espécie de atualização e aproximação da obra com a realidade brasileira. A história contada por Gershwin nos anos 1930 retrata um mendigo, deficiente físico, e sua tentativa de resgatar sua amada Bess dos braços de Crown, um homem violento e possessivo, e do traficante Sporting Life. No lugar do bairro Catfish Row, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, onde a história é originalmente contada, a produção é ambientada em uma comunidade pobre brasileira. A montagem reúne um elenco formado integralmente por solistas negros brasileiros, com destacadas carreiras nacionais e internacionais, como os solistas Luiz-Ottavio Faria, no papel de Porgy; e Marly Montoni, interpretando Bess.

"O que poderia se apresentar como outro entrave, na verdade, foi algo mais fácil, segundo Viegas. “O que aconteceu no início do século XX não é tão distante do que acontece em qualquer comunidade brasileira do século XXI. Ainda estamos lidando com a classe pobre, que na sua maioria ainda é negra, e sob a opressão que os brancos imprimem a esta sociedade, como trabalha a peça. Não estamos abordando fatos históricos distantes”, sublinha o regente. 

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