Pampulha terá mais militares nas ruas para conter a violência

Renato Fonseca - Hoje em Dia
19/03/2016 às 08:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:11
 (FLAVIO TAVARES)

(FLAVIO TAVARES)

A sensação de insegurança dos moradores, achaques cometidos por flanelinhas, presença de ambulantes e a circulação intensa de milhares de pessoas motivaram a Polícia Militar a reforçar o combate à violência na região da Pampulha.

Homens do setor administrativo da 17ª Companhia, no bairro Ouro Preto, foram remanejados para atuar nas ruas e novas formas de patrulhamento implementadas, em parceria com a Guarda Municipal.

As ações também incluem ampliação das fiscalizações nos grandes eventos em conjunto com servidores da regional e vigilância por equipes da Bike Patrulha. Uma Base Comunitária Móvel – van com até oito militares, que já atuava na região – estará mais presente em pontos de grande movimentação, como a orla da Pampulha, onde está o conjunto arquitetônico modernista projetado por Oscar Niemeyer, que concorre ao título de patrimônio cultural da humanidade. Além do cartão-postal, o reforço atinge os bairros São José, São Luiz e Bandeirantes. Em média, 120 mil pessoas circulam diariamente na região, cortada por importantes vias de acesso como as avenidas Portugal, Otacílio Negrão de Lima, Fleming, Carlos Luz e Antônio Carlos.

Morador do bairro São Luiz há mais de quatro décadas, Claude Mines, de 63 anos, aprova as medidas. Porém, prega cautela. “Temos que aguardar. Esperemos que funcione”. Segundo ele, o principal clamor é pelo fim dos transtornos em dias de eventos na orla e no Mineirão. “É um desrespeito ao Código de Posturas. Churrasco, bombas, gritaria e pessoas urinando na rua. Uma bagunça”, diz ele, que participa da Associação Pro-Civitas dos Bairros São Luís e São José.

O temor por assaltos também é uma constante, acrescenta Claude Mines. Muitos vivem amedrontados. “Na hora de entrar ou sair de casa é preciso atenção. Eles (policiais) dizem que os números de ocorrências caíram. Mas, mesmo assim, o medo continua”.
 
Prevenção

Comandante da 17ª Companhia da PM, o major Fábio Almeida ressalta que o foco é atuar de forma preventiva, em parceria com a Guarda Municipal e a regional Pampulha. Segundo ele, as medidas vão ocorrer durante todo o dia e, de forma mais ostensiva, das 7h às 9h30 e das 17h às 21h – horário com maior movimentação de pessoas, principalmente na orla. O efetivo empenhado não foi informado.

Crimes apresentam quedas, mas assaltos a pedestre e roubo de carros colocam PM alerta

Assaltos a pedestres, principalmente na orla da Lagoa da Pampulha, e roubo de veículos estão entre os principais desafios da Polícia Militar na região, destaca o major Fábio Almeida. Mesmo sem apresentar dados absolutos, por questões de estratégia da PM, o oficial garante que as ocorrências de crimes na região estão em queda. O único número apresentado foi uma redução de 40% em fevereiro, em relação a janeiro.

Banir a atuação dos flanelinhas também é um desafio, acrescenta o major. Segundo o oficial, só o flagrante não basta. “A pessoa que chama a polícia precisa ir até a delegacia para prestar a queixa, mas isso nunca ocorre. Assim, nossa ação fica limitada a retirar o flanelinha daquele local. Vamos fazer uma ampla campanha de conscientização e, principalmente, tomar aquele espaço antes do flanelinha. Ocupar a via, evitando a irregularidade”.

Com uma viatura e agora três duplas de agentes nas bikes, a Guarda Municipal disse que atua por 24 horas na Pampulha. A possibilidade de patrulha armada pelos 12 homens que trabalham no local não está descartada, informou o subinspetor Crislem Martins. “É uma região que requer esse tipo de intervenção. Os agentes estão sendo capacitados desde o ano passado”.

Segundo ele, um dos pontos que demandam mais atenção, tanto por militares quanto pelos agentes da Guarda, é o conjunto arquitetônico feito por Niemeyer. “Lá, a ação é diferenciada. Há um fluxo muito grande de turistas, pessoas que fazem caminhada”, afirma.

Além Disso

Dentre as principais ferramentas utilizadas para conter a criminalidade está a união de esforços entre as forças de segurança e a população, como a chamada Rede de Vizinhos Protegidos. Só na Pampulha são 26 grupos formados por militares, comerciantes e moradores.

Bairro com cerca de 400 residências, o Bandeirantes conta com o sistema de troca de mensagens em tempo real. Diretora de comunicação da Associação Pró-Interesse do Bandeirantes, Adriene Arantes garante que o mecanismo dá certo.

Ela é responsável por um dos grupos do WhatsApp, que reúne 220 moradores, e diz que todas as ruas tem pelo menos um representante. Qualquer atividade suspeita é comunicada à PM. “Imediatamente, algum policial é deslocado”.

Para ela, é necessária a participação da comunidade em conjunto com a PM. “Nós somos os olhos dos militares, pois é impossível ter um policial em todos os pontos. Isso facilita o trabalho e garante mais segurança”.

 

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