Para celebrar 50 anos de trajetória, Toquinho e MPB4 se reúnem nesta sexta no Palácio das Artes

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
06/03/2018 às 18:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:43
 (Marcos hermes/Divulgação)

(Marcos hermes/Divulgação)

“Há apenas uma diferença entre aquele jovem do Teatro Paramount e o Toquinho de hoje: a experiência dos 50 anos de carreira”, revela o compositor, fazendo referência ao palco de sua estréia artística. “Levar essa trajetória para o palco é sempre muito prazeroso. Encontramos espectadores que nos acompanham desde o início da carreira, que levam seus filhos e netos. É muito gratificante ver que o nosso canto acompanha há tanto tempo a vida de tanta gente e ver que novas gerações também conhecem nosso trabalho e passam a acompanhá-lo”, afirma Miltinho, integrante do MPB4.

Para celebrar estas jornadas de meio século de música, Toquinho e MPB4 se reúnem na sexta em Belo Horizonte em um show que reverencia não só a carreira de ambos, mas também a própria música popular brasileira. Dessa maneira, forma-se um quinteto, que transporta a amizade de longa data para os palcos. “O MPB4 e eu nos conhecemos na época dos grandes festivais de música e desde então nossas carreiras correram paralelas, mas sem muitos cruzamentos. Em 2008, para comemorarmos os 40 anos de música, decidimos fazer juntos um show que acabou resultando num DVD e num CD. Desde de 2015, temos nos apresentado juntos com grande sucesso por todo o Brasil”, conta Toquinho.

Com tanta história para ser rememorada, a apresentação abarca várias facetas e momentos, dividindo-se em quatro atos: o primeiro, quando o MPB4 se apresenta sozinho. Depois, o público vê uma intersecção, onde o grupo se junta a Toquinho em um pot-pourri de canções infantis. Em seguida, o músico se apresenta sozinho, e, por fim, o quinteto se reúne para cantar Chico Buarque.

A homenagem ao carioca não surge por acaso. Companheiro de longa data do grupo vocal, o músico chegou a se considerar o quinto elemento do grupo. “Durante uns 10 anos nós e o Chico rodamos o Brasil fazendo shows juntos. Ele sempre foi um dos compositores mais cantados e gravados pelo MPB4. E neste show isso não poderia ser diferente”, afirma Miltinho. “Ele é um dos maiores compositores que temos no Brasil e no mundo e um exemplo de coerência na música e na vida. Ele tem que ser um motivo de orgulho para todos nós brasileiros”, pontua o músico.Camila Guimarães/Divulgação

MILTINHO – “Ao lado de amigos, fizemos uma história da qual nos orgulhamos muito”

Projetos

Para além das lembranças e reverencias à carreira, os músicos adiantam também os planos para 2018. “Já em março, tenho uma excursão pela Itália, e, em abril, Portugal, França e Suíça. No segundo semestre, projeto de Bossa Nova para Estados Unidos e Canadá. Devo lançar meu DVD comemorativo de 50 anos de carreira e prosseguir na continuada dedicação ao violão, base de minha formação musical, sempre em evolução”, conta Toquinho.

Já o MPB4 segue com a turnê de lançamento do CD e DVD “O Sonho, a Vida, a Roda Viva!” e prepara também o retorno do projeto “Você corta um verso, eu escrevo outro”, apresentação onde cantam canções censuradas pela ditadura militar.

Serviço: Toquinho & MPB4 – 50 anos de música, sexta-feira, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – Centro). Ingressos de R$ 95 a R$ 220.

 Leia as entrevistas dadas ao Hoje em Dia por Toquinho e por Miltinho, do MPB4, na íntegra:

- Na sexta-feira, você sobe ao palco ao lado do MPB4 em um show onde vocês celebram 50 anos de música. Como você vê sua trajetória até aqui?

Para mim, perdura a sensação de uma constante renovação e de um contínuo aprimoramento. Cada ano robustece o seguinte e as décadas se diluem na descoberta de técnicas novas e na extensão do vigor ampliado pelas conquistas e pelos sucessos. Estudo todos os dias, à procura de novos acordes e harmonias. Amo fazer o que faço, o palco é a extensão de minha casa. Nele sou simples e íntimo da plateia.  Há apenas uma diferença entre aquele jovem do Teatro Paramount e o Toquinho de hoje: a experiência dos 50 anos de carreira.

- São mais 80 discos, 450 músicas. Como resumir tanta história e levar uma representação da sua carreira para o palco?

O tempo não apaga o que nos arde na alma. Essa longa trajetória só pode ser alcançada com muita dedicação. Eu me considero um artesão, sempre apoiado no violão que representa o início e o desenvolvimento de tudo. E a música será sempre uma chama a aquecer minha dedicação ao instrumento. Penso muito na música "Para viver um grande amor": "Eu não ando só / só ando em boa companhia / com meu violão / minha canção e a poesia." A cada show, comemoro minha formação musical, que me possibilitou esse desenvolvimento. Além de meu mestre maior, Paulinho Nogueira, tive aulas de harmonia com Edgard Gianullo, e adquiri algum conhecimento de violão clássico com Isaias Sávio, além de seguir as performances de Turíbio Santos. Somando a isso, tive aulas de orquestração com o maestro Léo Peracchi. E para complementar essa mistura de tendências sempre fui um apaixonado pelo estilo de Baden Powell. Em meio a essa trajetória de aprendizados surgiram as parcerias que valorizam sobremaneira minhas composições. O resto, a vida se incumbiu de mostrar-me valores e caminhos que eu soube aproveitar usando meu talento maior: o de instrumentista. Portanto, há uma comemoração a cada acorde novo, a cada subida nos palcos, a cada disco gravado, a cada aplauso do público que se renova por muitas gerações.

- Falando um pouco sobre a apresentação, você já trouxe também para Belo Horizonte em outras ocasiões, uma delas com o Ivan Lins como convidado. Como surgiu essa ideia de fazer essa celebração com outros músicos? E como foi a escolha do MPB4 para esse showo?

O MPB4 e eu nos conhecemos na época dos grandes festivais de música e desde então nossas carreiras correram paralelas, mas sem muitos cruzamentos. Em 2008, para comemorarmos os 40 anos de carreira, decidimos fazer juntos um show no Teatro FECAP, em São Paulo, que acabou resultando num DVD e num CD ainda em catálogo pela Biscoito Fino. Desde então, nossa parceria musical cresceu. A partir de 2015, temos nos apresentado juntos – Ivan Lins, eu e o MPB4, com grande sucesso por todo o Brasil.

- Como é a dinâmica do show?

Um show intimista com músicas que agradam o público e o dinamismo de uma grande amizade. É muito prazeroso dividir o palco com o MPB4, pois, além da afinidade musical que existe entre nós há os laços de uma convivência fraterna e de uma admiração mútua. Nós procuramos escolher aquelas canções que efetivamente marcaram época. Impossível que em nosso show não figurem "Tarde em Itapuã", "Que maravilha", "Amigo é pra essas coisas" e "Roda-viva". O bom mesmo é cantar o que mais emociona o público e ouvir o som da plateia cantando junto conosco. O MPB4 abre o show, nós nos encontramos numa intersecção muito divertida com um pot-pourri de músicas infantis; na sequência, eu e meu violão, com grandes sucessos de carreira e alguns solos instrumentais. Ao final, chamo meus amigos para cantarmos juntos algumas canções de Chico Buarque.

- Para além dessa turnê, quais são os planos para esse ano?

Muitas viagens com shows pelo Brasil e no Exterior, como faço todos os anos.  Já em março, tenho uma excursão pela Itália, e, em abril, Portugal, França e Suíça. No segundo semestre, projeto de Bossa Nova para Estados Unidos e Canadá. Devo lançar meu DVD comemorativo de 50 anos de carreira e prosseguir na continuada dedicação ao violão, base de minha formação musical, sempre em evolução.


 Miltinho - MPB4
 
- Na sexta-feira, vocês sobem ao palco junto do Toquinho, em uma apresentação onde celebram 50 anos de música. Como vocês veem a trajetória do grupo até aqui?
 
Vemos com muita alegria nossa trajetória até aqui. Surgimos numa geração muito rica na música popular brasileira e ao lado de tantos amigos queridos da nossa geração, como Chico Buarque, Toquinho, Ivan Lins, Quarteto em Cy e tantos outros fizemos uma história da qual nos orgulhamos muito.
 
- E como é levar essa história tão rica para o palco?
 
É sempre muito prazeroso. Encontramos espectadores que nos acompanham desde o início da carreira, que levam seus filhos e netos. É muito gratificante ver que o nosso canto acompanha há tanto tempo a vida de tanta gente e ver que novas gerações também conhecem nosso trabalho e passam a acompanhar.
 
- Na apresentação, vocês também fazem uma homenagem ao Chico Buarque, que chegou a considerar-se um MPB-5. Como é essa relação? E como vocês levam isso para o show?

Durante uns 10 anos nós e o Chico rodamos o Brasil fazendo shows juntos. O Chico sempre foi um dos compositores mais cantados e gravados pelo MPB4. E neste show isso não poderia ser diferente. Cantamos algumas músicas dele. O Chico Buarque é um dos maiores compositores que temos no Brasil e no mundo e um exemplo de coerência na música e na vida. O Chico Buarque tem que ser um motivo de orgulho para todos nós brasileiros.
 
- Para além dessa turnê, quais são os planos para esse ano?

Seguimos com a turnê de lançamento do CD e DVD "O Sonho, a Vida, a Roda Viva!", que comemora nossos 50 anos de carreira. Também retomaremos o show "Você corta um verso, eu escrevo outro", que estreamos ano passado, onde cantamos canções censuradas pela ditadura militar.

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