Paulo Miklos dá vida ao ícone do jazz americano Chet Baker em peça no CCBB-BH

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
13/07/2016 às 17:55.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:17
 (Victor Lemini / Divulgação)

(Victor Lemini / Divulgação)

“Se pudesse pedir algo a Deus, o que pediria? Eu pediria mais dias bons e menos dias ruins”, profere o músico e ator Paulo Miklos no espetáculo “Chet Baker – Apenas um Sopro”, encarnando o ícone do jazz norte-americano que morreu em 1988. A peça que marca a estreia do ex-titã no teatro entra em cartaz hoje no CCBB-BH.

“Sempre tive vontade de fazer teatro. Era só uma questão de oportunidade”, comenta o artista, que comemora 15 anos do longa-metragem “O Invasor”, seu primeiro trabalho como ator. “Gosto de me reinventar e dar novos sentidos para minha vida e carreira. Isso faz os dias serem bons. Trabalhar com leveza”, garante.

O espetáculo, segundo Miklos, é um retrato do artista diante da insegurança, exposto a incertezas e dores. "A peça discute algo muito importante para mim, que é o artista e o ser humano por trás dele. A trama mostra a miséria humana, as dificuldades da dor, e incertezas do universo da fama”, analisa.
 
A história se passa na década de 1960, quando o trompetista tenta se reerguer e gravar um novo disco após ter sido espancado por traficantes em uma das ruas de San Francisco, e ter perdido a maioria dos dentes. “No palco o que pesa é a incerteza. Ele atravessa um momento de insegurança vivenciado por ele, os colegas de estúdio e o público. Será que ele vai dar conta de tocar?”, elucida. 

Após esse fato, o gênio do jazz tocou ainda por mais de 20 anos. “Entendo o que se passa com Baker nesse momento em que a autoconfiança não passa de uma armadilha”, desabafa.

Trama
A peça se passa em um dia de gravação no estúdio. Toda a trilha sonora é executada ao vivo. “O fato de fazermos música é importantíssimo, traz o público para a realidade de como nasce uma canção. É uma carta na manga. Torna tudo muito vivo”, acredita Miklos, que gostou do desafio de estar no palco. “No cinema e na TV você faz as cenas em separado e depois elas são editadas. No teatro não. Você entra e conta uma história do começo ao fim. Cada dia é um desenho diferente. É a magia do teatro e estou apaixonado em fazer”, diz.

O que mais lhe toca a alma é a parte final, quando ocorre um delírio do personagem. “Eu converso com a plateia. É quase um diálogo entre nós. Um momento muito intenso de troca”.


Planos
No texto, o personagem de Chet é questionado sobre o que pediria a Deus. E o que Miklos pediria? “A mesma coisa que Chet. Com o amadurecendo, percebemos que na vida o que importa é ter os dias bons”, afirma. “Fazer o que nos realiza; cuidar do próximo. É algo que plantamos. Nós fazemos os dias serem bons”. 

Nesses dias bons, Miklos afirma que se sente realizado em se jogar em novos planos. “Tenho voltado mais para projetos que me levam para lugares que não fui. O que vale é experimentar”, comenta ele, que anunciou sua saída do Titãs na última segunda-feira, após 34 anos na banda, para alçar novos voos solos.

O artista também está nos cinemas no papel do vilão Gonzales em “Carrossel 2”. “É engraçado porque crianças e adolescentes me pedem autógrafo pelo personagem Gonzales e os pais querem falar do disco ‘Cabeça Dinossauro’ e os filhos olham estranho para eles. É delicioso lidar com esse novo público”, se diverte Miklos, que também está entre os jurados do programa “X Factor” que estreia em agosto na Band. 

“Chet Baker, um Sopro” – CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450). De quinta a segunda, às 20h. Até 25/7. R$ 20 e R$ 10 (meia)

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