Peça com Dan Stulbach chega ao Palácio das Artes

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
23/06/2016 às 18:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:01
 (João Caldas / Divulgação)

(João Caldas / Divulgação)

Nos anos 80, Antonio Fagundes protagonizava o espetáculo “Morte Acidental de Um Anarquista”. Na plateia, Henrique Stroeter se deliciava com o texto do italiano Dario Fo. Foi naquele dia, por sinal, que Stroeter decidiu ser ator. Dan Stulbach não assistiu a tal montagem. Mas lá pelos 19 anos de idade, teve uma sorte danada: conseguiu ficar frente a frente com o próprio Fo, numa apresentação em São Paulo, jamais esquecida por ele. 

Décadas depois, os colegas de profissão colocam no palco a admiração pelo dramaturgo, justamente com a peça interpretada por Fagundes. Com direção de Hugo Coelho, o espetáculo chega a BH neste fim de semana.

Stulbach conta que trata-se de uma comédia traduzida diretamente do italiano, que não precisou de muitas adaptações. “É um texto muito inteligente, te faz pensar”, considera. Na trama, ele vive um louco, cuja doença é se passar por outras pessoas. Detido por crime de falsa identidade, o homem diz ser o “juiz” responsável pela investigação do misterioso caso da morte do anarquista.

“A peça não é só um desafio artístico, mas também como cidadão, de alguém que se posiciona e fala sobre as coisas” Dan Stulbach

Conotação política
O juiz é uma das cinco figuras assumidas pelo louco – todas elas, diga-se de passagem, de personalidades consideradas poderosas pelo imaginário popular. Com seu jeito divertido, irreverente e carismático, como descreve Stulbach, e brincando com o que é ou não real, o personagem desmonta o poder e acaba descobrindo a verdade de todos. O “jogo” construído pelo louco é uma alfinetada à população por, invariavelmente, supervalorizar certas camadas sociais, que podem não ser exatamente o que parecem. 

“A peça traz uma reflexão sobre a quem a gente confere poder. Aquela coisa da celebridade”, afirma Stulbach, que diz ser este um dos maiores desafios da carreira por interpretar cinco personagens, produzir e ainda coordenar o elenco.

Um reflexo do tempo atual, apesar de ter sido escrita há 46 anos, a peça, que já tinha conotação política, tem, agora, ainda mais força neste sentido, especialmente no Brasil. “A gente nunca imaginou que o juiz fosse ter tanta importância como se tem hoje”, diz o ator.

Para extravasamento do espectador, o sentimento em relação ao recente cenário político poderá ser declarado em meio às cenas. Stulbach, contudo, faz a ressalva: “É (uma peça) política, mas não partidária. Não tem nenhuma manifestação (de nossa parte) contra ou a favor aos personagens (políticos) atuais. A gente deixa que cada um reflita dentro do seu universo. E, inclusive, na plateia, há sempre quem se manifesta com grito de ‘golpe’ ou de ‘impeachment’”.

 Peça “Morte Acidental de Um Anarquista” – Amanhã, às 21h, e domingo, às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537, Centro). Plateias I e II R$70 e R$ 35 (meia). Plateia superior: R$50 e R$ 25 (meia)

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