Peça de Pedro Paulo Cava reúne cenas das principais obras de Shakespeare

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
03/10/2016 às 19:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:05
 (Guto Muniz / Divulgação)

(Guto Muniz / Divulgação)

Antes de assinar a direção de “A Paixão Segundo Shakespeare”, que estreia nessa quinta no Teatro da Cidade, Pedro Paulo Cava já tinha participado da montagem alemã baseada nas peças do dramaturgo inglês, nos anos 80. Não se lembrava disso até ser instigado pela reportagem.

“É algo que procurei apagar. Eu fazia a assistência de direção e briguei muito com o diretor, que era da então Alemanha Oriental. Ele era muito estúpido no trato com um estrangeiro. Quinze dias antes da estreia, deixei Dusseldorf e fui para Berlim”, puxa da memória.

Na capital da hoje unificada Alemanha, Cava estagiou no teatro de Bertold Brecht, autor recorrente em obra. Fora a experiência malfadada em Dusseldorf, “A Paixão...” é como um dèbut para o diretor mineiro, que adapta texto de Jota Dangelo encenado há cerca de duas décadas. 

Em 52 anos de carreira, ele salienta que sempre esteve voltado para o texto brasileiro. “Essa peça de Shakespeare aconteceu por acaso, depois de um almoço em São João del-Rei com o Dangelo. Estão sendo lembrados os 400 anos de morte do dramaturgo e resolvemos fazer”.

Condensação
Cava realizou modificações de linguagem, tirando o vocabulário rebuscado e acentuando o popular, o que, segundo ele, o próprio Shakespeare teria estimulado, por ter um teatro considerado mais próximo do público em sua época. “Fui trocando palavras, tirando tu e vós e passando para você e vocês”.

A estrutura básica permaneceu, reunindo cenas vitais das peças mais conhecidas de Shakespeare, como a cena do balcão de “Romeu e Julieta” e o discurso de Marco Antônio no funeral em “Júlio César”. “São cenas condensadas que dão um bom entendimento da peça toda”.

Para Cava, a universalidade de Shakespeare propicia um diálogo com os tempos atuais, no que diz respeito à paixão pelo poder, à traição, à falta de moral e ética. “O ser humano não mudou em sua essência. São questões de hoje e ontem e possivelmente de adiante também”, afirma.

 “A Paixão Segundo Shakespeare” – Quinta a sábado, às 20h30. Domingo, às 19h. No Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1341, Centro). Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Até 18/12.

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