Peça 'Sétimo Andar” discute o tema homoafetivo

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
25/04/2018 às 17:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:31
 (Mauro Carvalho/Divulgação)

(Mauro Carvalho/Divulgação)

Quem disse que as conversas de elevador precisam sempre se resumir a comentários sobre o clima? Em “Sétimo Andar”, peça que estreia no final de semana em Belo Horizonte, o local vira palco para um papo que vai muito além de comentários banais e discute de forma bem-humorada relacionamentos homoafetivos, estereótipos, fetiches e preconceitos.

Inspirado no curta-metragem “Tenho Local” – que no YouTube já soma quase 500 mil visualizações – a peça acompanha a história de dois homens que ficam presos em um elevador após uma queda de energia. “O espetáculo é parte de uma trilogia que se passa sempre nesse local, trazendo alguma crítica ou conflito dos personagens homossexuais”, explica o ator Thiago Cazado, que assume também a direção da montagem.

Em “Sétimo Andar”, os personagens questionam o preconceito vivido por pessoas LGBT no local de trabalho. “Minha inspiração veio de uma história real de um funcionário que foi demitido após postar uma foto com o marido em uma rede social”, conta Cazado. Para levantar a discussão, a peça abusa do bom-humor. “É uma forma de apresentar isso de uma maneira divertida, para fazer o público rir bastante e não sair do teatro deprimido”, afirma o ator.

ESTEREÓTIPOS

Outra temática que entra em pauta é o próprio estereótipo pelo qual os gays são reconhecidos. “O homossexual costuma ser taxado de promíscuo, vulgar”, sublinha Cazado. “Na peça, quis usar as fantasias dos personagens para mostrar que não é assim. No início do espetáculo, as pessoas chegam a pensar que eles se encaixam nesse entendimento, mas na verdade eles estão debochando disso. Não são homens desconhecidos, são um casal, com uma história de cumplicidade, de amor e respeito”, sublinha.

O humor que permeia a narrativa tem um papel importante na própria representação do relacionamento homoafetivo, que habitualmente é apresentado à luz de tristeza e sofrimento. “Quero desconstruir isso, mostrar que não precisa ser assim, que os homossexuais não precisam ser punidos. Eles têm que ser representados também de outra forma: serem felizes, com histórias de amor”, ressalta.

Assim, o ator reforça a importância de produções sobre LGBTs. “As pessoas costumam questionar a quantidade de espetáculos com temática gay. Não tem que ter um limite, uma cota. Não existe isso no mundo heterossexual”, observa. “Enquanto existirem homossexuais, eles precisaram ser representados”, conclui o ator.

Serviço: Espetáculo “O Sétimo Andar”, sábado, às 21h, e domingo, às 18h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315 – Centro). Ingressos R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira)

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