(Luísa Gontijo/Divulgação)
O título “Pessoas Reais Disponíveis Para Conversar” diz, por si só, muito sobre o novo trabalho de Persiano. Segundo álbum solo do cantor, compositor e instrumentista mineiro, o registro traz dez faixas autorais, calcadas em elementos eletrônicos, que traçam uma narrativa conceitual dos tempos aflitos e voláteis em que vivemos. O disco será lançado nesta terça-feira (24), nas plataformas digitais.
Sucessor de “Art La Vista” (2014), o disco brinca com a ideia de um futuro próximo onde pessoas reais disponíveis para conversar serão coisas do passado. O conceito vai na esteira de fenômenos como “Black Mirror”, série da Netflix criada por Charlie Brooker, cujos episódios examinam a sociedade moderna diante das consequências imprevistas das novas tecnologias.
“Essas pessoas somos todos nós. E eu me incluo entre elas. Sou real, mas nem sempre disponível, já que a vida é essa constante correria”, conta o artista. “Me pego pensando que gostaria de ir mais aos lugares, conversar com as pessoas, olhar nos olhos. Então, o trabalho também puxa a minha própria orelha”.
Persiano conta que o conceito foi tomando forma à medida em que ele gravava o disco – num processo digital e solitário. “Eu fiz o disco em casa, gravando teclados, baixo, guitarra e controlador. Então, de cara, vi que seria uma sonoridade mais eletrônica, que acabou me puxando para esse conceito, de pontuar sobre o que estamos vivendo nestes tempos”, diz.
As faixas versam sobre situações e figuras do cotidiano, num vocal falado que se encaixa às harmonias, influência direta da banda paulista Rumo. “É genial a forma como eles trabalham a fala, que acompanha os acordes na música”, conta. “Simplifiquei essa ideia trazendo-a para o universo eletrônico e aproveitando a fala do mineiro, que é mais cantada”, sublinha, pontuando outras influências como Kraftwerk e Brian Eno.
Persiano adianta que o álbum vai ganhar um show, marcado para o dia 10 de maio, no Idea Casa de Cultura. “No show, terei uma banda comigo. Farei o mais próximo do disco, mas com humanos, com pessoas reais no palco”, finaliza.