Polícia para quem precisa de polícia; filme tenta diálogo com lados opostos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
22/09/2017 às 18:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:41
 (Henrique Leal/Símio Filmes/Divulgação)

(Henrique Leal/Símio Filmes/Divulgação)

BRASÍLIA – A recepção morna, especialmente da crítica, à exibição de “Por Trás da Linha de Escudos”, exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, é justificada pelo diretor Marcelo Pedroso como uma inversão de expectativas.  Para o realizador, as pessoas esperavam um “documentário de esquerda combativo” ao acompanhar a tensão do Batalhão de Choque de Pernambuco com manifestantes de direitos sociais.

“O que fiz no filme foi abrir um diálogo político e respeitoso com as pessoas, não buscando julgar ninguém”, explica Pedroso, que buscou replicar um método usado pelo diretor cambojano Rithy Panh, quando lançou, em 2013, “S2: The Khmer Rouge Killing Machine”. Nesta obra, ele mobilizou carrascos que promoveram um genocídio no país, na década de 70, para estimular um exame de consciências destas pessoas.

“Também no filme lancei mão desta abordagem estratégica para, deste encontro dos policiais com manifestantes, promover uma transformação”, sublinha Pedroso.

Segundo o diretor, sem essa proposta ele não conseguiria a adesão de soldados para uma sessão de yoga, dentro da academia, comandada por um professor que recebeu gás de pimenta durante uma ação. “É muito simbólico que, neste momento, um soldado, em frente aos colegas, se emocione ao falar do avô”, lembra.

Ele percebe nas entrelinhas de alguns depoimentos um desejo de desmilitarização da polícia, que, no momento atual da política do Brasil seria difícil implantar, de acordo com Pedroso. “Não é apenas com um decreto que transformaríamos uma estrutura da noite para o dia”, salienta o diretor, para quem a polícia vive um grande paradoxo, “reprimindo a população que não tem seus direitos resguardados”.

(*) O repórter viajou a convite da organização do Festival de Brasília

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