Política atual inspira novo espetáculo do Quatroloscinco

Hoje em Dia
20/10/2015 às 08:19.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:08
 (Felipe Messias)

(Felipe Messias)

Quando o assunto é a jovem dramaturgia local, é impossível não lembrar de Marcos Coletta e Assis Benevenuto, que assinam os textos do grupo Quatroloscinco. Nesta quarta (21) é a vez de a companhia estrear seu quinto espetáculo, “Ignorância”, que terá temporadas em dois espaços: Funarte e Palácio das Artes.

A novidade desse espetáculo em relação aos anteriores é que Coletta, de 28 anos, e Benevenuto, 32, não estão em cena, mas focados na direção de Rejane Faria e Ítalo Laureano. O que não quer dizer que o texto que assinam não passe por alterações até o último momento antes da estreia.

“É um texto que vai sendo construído no processo. Isso tem a ver com a dramaturgia dentro da prática de grupo”, diz Coletta, acrescentando que “Ignorância” tem um texto mais direto do que os trabalhos anteriores do grupo.

Por sinal, a clareza do discurso e o engajamento sociopolítico são características marcantes entre a turma jovem do teatro mineiro. Se há alguns anos a experimentação deixava alguns espectadores confusos sobre conteúdo, dessa vez é mais fácil compreender o recado dado no palco.

“Os grupos que surgiram nos anos 90 tinham uma grande preocupação sobre a pesquisa e o trabalho corporal do ator. Eram muito influenciados pelos grupos de antropologia teatral. A leva recente tem se preocupado mais com o texto, o lugar da palavra. Isso é algo que vai e volta, mas não da mesma forma”, diz Coletta. “O texto tem que oferecer a chave da compreensão tanto para o professor da UFMG quanto para a sua tia que nunca foi ao teatro e está ali apenas para te ver”.

Reflexo

“Ignorância” foi criado a partir do momento de intolerância que tem sido visto não somente no Brasil, mas em todo planeta. O espetáculo é uma soma de esquetes que trazem uma reflexão sobre o termo “ignorante”, que simboliza desde aquele que não detém a informação, como também quem é rude e bruto.

“No passado, as pessoas eram ignorantes por um motivo, porque não tinham acesso à informação. Hoje são ignorantes porque não querem olhar. Ignoram o problema que você vive, a sua causa, ignoram sua escravidão, seu sofrimento por causa do racismo”, explica.

“Ignorância” foi montado sem leis de incentivo e contou com parceiros importantes, como o músico Barulhista na criação da trilha e a atriz Rosa Antuña na orientação corporal.

“Ignorância” – Na Funarte MG (rua Januária, 68), desta quarta (21) ao dia 31/10, de quarta a sexta, às 20h, e sábado, às 21h. No João Ceschiatti – Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537), de 13 a 22/11, sexta a domingo, às 20h. R$ 20 e R$ 10 (meia)

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