Primeira edição da Semana Idea de Artes Negras traz programação intensa

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
28/08/2017 às 18:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:18
 (josé de holanda/divulgação)

(josé de holanda/divulgação)

“O negro não deve ficar nos lugares que a sociedade o colocou. O negro está na arte, na cultura, na ciência, na educação”, atesta a historiadora mineira Luana Tolentino, uma das curadoras da Semana Idea de Artes Negras (SIAN). Em sua primeira edição, o evento reforça a potência da arte negra entre hoje e sábado, no Idea Casa de Cultura, com shows de nomes como Juçara Marçal e Cadu Tenório (que se apresentam hoje, às 21h), Maíra Baldaia, Sérgio Pererê e Mateus Aleluia.

A programação conta, ainda, com exposições fotográficas, performances, feiras literárias e mesas de debate sobre a cultura negra e o posicionamento do negro na atualidade. “Vivemos um momento de afirmação do negro no campo da literatura brasileira”, garante a historiadora, que divide a curadoria com Sérgio Pererê, Simone Moura, Heberte Almeida e Eduardo de Assis Duarte.

OCUPAÇÃO
Tolentino destaca que todo o processo de realização do SIAN foi conduzido por pessoas negras, de diferentes áreas e gerações. “Houve um cuidado grande de não cair no erro de muitos eventos que buscam contemplar o negro na programação, mas o alijam da participação”, critica. “Também buscamos criar uma diferença geracional. Por exemplo, teremos uma mesa sobre apropriação com o Cuti, militante com mais de 40 anos de luta, e a Stephanie Ribeiro, garota jovem, conhecida pelo ativismo na internet”, conta.

Segundo a curadora, outro ponto importante é o fato de o evento, totalmente gratuito, acontecer num casarão na Região Centro-Sul de BH. “É muito importante que o negro circule como protagonista nesse espaço geográfico, onde geralmente ele é colocado na condição de serviçal”, diz.

Para Tolentino, o Brasil vive um momento singular de afirmação e de luta por direitos do povo negro – o que, infelizmente, tem gerado reações de ódio.

“Há um mito de que vivemos numa democracia racial em que as raças convivem harmoniosamente, mas isso nunca existiu. Vivemos num país racista. Acontece que, nos últimos anos, assistimos a uma melhoria das condições de vida da população negra, que passou a ocupar novos espaços de trabalho e poder. Esse deslocamento tem provocado manifestações violentas de ódio”, afirma. “Enquanto houver racismo e disparidade de oportunidades, haverá toda uma comunidade engajada em reivindicar seu espaço e exigir outra postura do Estado”, finaliza.

Serviço: I Semana Idea de Artes Negras. De hoje a sábado, das 14h às 22h, no Idea Casa d Cultura (rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários). Entrada franca. Programação completa em www.semanadeartesnegras.com.

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