Produtoras mineiras têm muito a crescer com material audiovisual

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
09/02/2015 às 08:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:57
 (Marcelo Prates/)

(Marcelo Prates/)

Concorrente ferrenha em outros tempos, a telinha se tornou a grande aliada das produtoras de audiovisual no país a partir da lei 12.485, que obrigou os canais da TV paga a exibirem pelo menos 3h30 semanais, em horário nobre, de conteúdo nacional independente.

Em 2013, o número de horas de obras brasileiras presentes na grade de programação dobrou para 4 mil, de acordo com levantamento feito pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). Mas essa celebração ainda não é compartilhada pelas empresas mineiras do setor.

A participação ainda é muito tímida, devido principalmente à falta de capacitação das produtoras para fazer frente às gigantes do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas o desejo de entrar nesse “bolo” está levando a classe a se mobilizar, a partir do Fórum Mineiro do Audiovisual.

“Ficamos atrasados em relação aos outros Estados, até mesmo para os do Nordeste. Não tínhamos produtores capazes de lidar com esse mercado, que parecia distante para nós”, admite Marco Aurélio Ribeiro, presidente da Associação Curta Minas.

Por já estar atuando com a TV, realizando programas para os canais Cultura, Brasil e Justiça, a Aldeia Produções saiu na frente. Recentemente foi contemplada por um edital federal de fomento para desenvolvimento de projetos, trabalhando em quatro séries e um reality show.

“Não sou roteirista ou diretor. Por ser produtor, tenho uma visão de mercado. Unindo isso à visão artística das outras pessoas que participam da Aldeia, chegamos à razão do nosso sucesso”, explica Breno Nogueira, à frente da produtora desde sua criação, em 2005.

Apesar de largar atrás na corrida pelo “ouro” televisivo, gerado pela necessidade de preencher a carga horária exigida pela lei sancionada em 2011, Minas pode – e muito – se beneficiar desse boom. Segundo Breno, tanto o mercado carioca quanto o paulista já está saturado.

“Eles estão com problemas sérios de (falta) mão-de-obra. Os custos ficaram nas alturas. Temos bons profissionais para assumir essa lacuna. Mas precisaremos sair da toca e ir atrás das pessoas. E o governo mineiro, que está sem dinheiro, pode dar um apoio institucional”, sugere.

Setor audiovisual conta com uma política de cotas

As produtoras mineiras já começam a figurar na lista dos contemplados de editais públicos específicos para a TV, como o Prodav – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Audiovisual, que tem como agente financeiro o Fundo Setorial do Audiovisual.

Um dispositivo incluído nas chamas públicas mais recentes beneficiou a produção de Minas. É o chamado indutor regional, em que pelo menos 30% das propostas selecionadas devem ser das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. E, no mínimo, 10% da região Sul e dos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais.

“Mas é fundamental saber trabalhar com essas cotas, porque disputei com várias empresas do Nordeste e, mesmo elas estando abaixo da nota de corte, acabaram entrando para cumprir a cota. Precisamos nos mobilizar para pedir a Ancine um porquê disso estar acontecendo”, assinala Breno Nogueira.

Capacitação de profissionais é uma das demandas

Em convênio com a Associação Brasileira de Produtores Independentes, a Curta Minas está levando mais de 60 representantes mineiros a Rio Content Market, principal evento do país voltado para a indústria de televisão, que será realizado no próximo mês.

Desde o ano passado a associação também vem promovendo seminários para capacitação dos participantes. Mauro Aurélio Ribeiro observa que os projetos para desenvolvimento de séries exigem mais tempo e dinheiro.

“Ficamos muito focados no cinema e, apesar de termos bons roteiristas em Minas, não temos nenhum que trabalhe com produtos para a televisão”, afirma Marco Aurélio.

Outro fator de desvantagem está no pouco aproveitamento da produção local pela Rede Minas. “As emissoras estão concentradas em Rio e São Paulo, o que facilita a relação com as produtoras de lá. Aqui não tem isso. Sentimos a carência de emissora regional que possa ajudar no fomento”, sublinha Breno.

Para aproveitar esse novo interesse, o departamento de pós-graduação da UNA fez adaptações no curso de Jornalismo Cinematográfico.

“O curso está voltado principalmente para o desenvolvimento de documentários, mas passamos a abarcar novos modelos da produção audiovisual, tornando os discentes aptos para essa nova demanda”, observa o coordenador Fausto Coimbra.
 

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