Professora da UFMG lança livro sobre Chico Buarque neste sábado

Da redação
almanaque@hojeemdia.com.br
24/11/2016 às 12:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:47

A pesquisadora e professora da UFMG Ana Maria Clark Peres lança neste sábado, pela Editora UFMG, o livro “Chico Buarque: Recortes e Passagens”, com nove ensaios sobre a obra do autor de “A Banda” e uma entrevista inédita com o escritor e compositor. O livro é resultado de mais de oito anos de pesquisas. 

O lançamento acontece no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700), a partir das 16h. Haverá bate-papo com a autora e a presença do "Martelo Duo", cantando músicas de Chico Buarque.

Confira o texto de apresentação em que a autora fala sobre a obra: 

“Chico Buarque: recortes e passagens” é resultado de sucessivas pesquisas que venho desenvolvendo sobre a obra de Chico Buarque desde março de 2008, com o apoio do CNPq. Tais pesquisas (no momento estou concluindo a terceira) provocaram dezenas de ensaios sobre essa obra, e eu pensava reuni-los num livro. Na entanto, o projeto acabava sendo adiado, em razão das tantas outras atividades acadêmicas que me ocupavam (cursos, apresentação de trabalhos em eventos no Brasil e no exterior, orientação de alunos etc.), atividades essas que giravam (e ainda giram) em torno da obra do compositor e escritor.

No entanto, uma entrevista que Chico Buarque me concedeu em Paris, em junho de 2015, me levou a pensar novamente, e de forma mais concreta, na ideia do livro. Das dezenas de ensaios já escritos, selecionei 9, que foram revistos e aos quais anexei a referida entrevista. Apresentei o projeto à Editora UFMG, que o aprovou, sendo, assim, publicado, no final de setembro, “Chico Buarque: recortes e passagens” que, aliás, foi lançado primeiramente em Paris, antes do lançamento em BH, em razão de viagem minha à França já programada inicialmente.

Levando em conta minhas três pesquisas sobre a obra do Chico, o livro apresenta 4 seções: “Questões de extimidade”, “Chico Buarque, leitor dos clássicos”, “Uma poética do comum” e “Chico e Sérgio: interlocuções”. 

Sobretudo a primeira e a segunda seções (“Questões de extimidade” e “Chico Buarque, leitor dos clássicos”) são norteadas por uma noção trabalhada por Jacques Lacan, a de “extimidade”, ou seja, uma “exterioridade íntima”, que abole a distinção dentro/fora comumente apresentada em alguns estudos sobre a obra de Chico Buarque, os quais apontam, nessa obra, o popular versus o erudito, o nacional versus o estrangeiro etc. Vale observar, no entanto, que, apesar de levar em conta tal noção lacaniana (que, aliás, também perpassa implicitamente os ensaios das outras seções), meu livro não é, de forma alguma, destinado apenas aos iniciados em psicanálise, uma vez que não procuro teorizar sobre o assunto, a não ser em breves referências à referida noção, no primeiro ensaio. Nessas duas seções iniciais, apresento: uma leitura do romance “Budapeste”, de onde “pincei” a “extimidade”, que me levou a reler toda a obra buarquiana; algumas reflexões sobre a relação de Chico com a França, isto é, como a cultura francesa se imiscui em sua obra, obra essa tão implicada com as questões brasileiras, o que me fez problematizar a dicotomia local versus global; bem como um estudo de algumas canções em que o compositor brasileiro dialoga com autores clássicos estrangeiros (Baudelaire e Dante).

A terceira seção (“Uma poética do comum”) traz um ensaio sobre a relação de Chico com o que é aparentemente mais trivial na nossa realidade, o futebol; outro sobre o sabor que se “degusta” em várias de suas canções que tratam do cotidiano do brasileiro; além de um texto que aponta como a obra buarquiana, tanto as canções, quanto os romances, está sempre girando em torno desse “comum” e de seus afins: a comunidade, o viver junto, o Qualquer, o privado e o espaço público, o íntimo e o político etc.

A quarta seção (“Chico e Sérgio: interlocuções”) busca abordar, em dois ensaios, como “restos” da vida e da obra de Sérgio Buarque de Holanda se atualizam se estetizam na do filho: “Meu pai pra mim era um som de máquina de escrever”, que apresenta uma leitura de seu quarto romance, Leite derramado, e “O biografema da biblioteca paterna em 'O irmão alemão”, em que comento seu último romance.

A esses ensaios se segue, como já dito, a entrevista inédita com Chico Buarque, em que vários dos pontos trabalhados nos ensaios são trazidos na conversa que mantivemos.

Vale ressaltar, finalmente, que cada ensaio se basta, ou seja, pode ser lido separadamente, mas não deixa de se articular no conjunto do livro. Friso, além disso, que no meu trabalho não procurei separar o Chico-compositor do Chico-ficcionista, como acontece em vários estudos sobre sua obra, optando por apontar insistências, recorrências passíveis de serem detectadas tanto em suas canções quanto em seus romances.

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