Restos urbanos pela lente do artista Pablo Lobato

Fotos estão no livro “Rua”, que será lançado neste sábado (17)

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/09/2016 às 19:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52
 (Reprodução)

(Reprodução)

Com o celular no bolso e passando por sete países para a realização de trabalhos diversos, o cineasta e artista plástico Pablo Lobato deixava sua percepção agir e, não raro, parava o carro nas ruas atrás de uma imagem que lhe havia chamado a atenção, geralmente ruínas e sobras de toda ordem.

Além de uma exposição aberta no Rio de Janeiro, no Museu de Arte do Rio, em cartaz até amanhã, outro fruto desse trabalho é o livro “RUA”, que será lançado hoje na Livraria Quixote, na Savassi. “Eram como pequenos espantos. Estava me dirigindo para algum lugar quando algo destoava em meu redor”, observa Pablo.

Ele define esse processo com o objeto a ser fotografado – uma placa de rua jogada num matagal, por exemplo – como encontros realizados sem necessariamente estar em busca de algo. “Entre esse ponto de partida e o encontro, entendi a importância que existe no evocar, de estar aberto a uma determinada experiência, vibração”.

O artista e cineasta fará uma residência artística em Seul, na Coreia do Sul, por três meses, a convite do Museu Nacional de Arte Contemporânea

Ruga
Apesar da espontaneidade como foram feitas, Pablo enxerga algumas aproximações entre as fotos. “Não estava preocupado em nomear qualidades, mas há aproximações óbvias, como o ordinário, o que resta, sobras das grandes cidades”, afirma o artista, que ressalta a relação da palavra rua com ruga (sulco na pele provocado pelo tempo).

“A rua é uma grande ruga no mundo. A rua é o lugar onde passam as águas, exercendo a sua força, responsável por levar tudo que ali está. Elas capotam, se viram, se esfolam, ao mesmo tempo que há uma resistência. Nas ruas, encontramos os rastros de experiência no mundo, informando as esferas de produção e os modos de trabalho”, analisa.

Equador, Argentina, Uruguai, França, Inglaterra, Israel, além do Brasil, fazem parte desse itinerário. A capital mineira, terra de Pablo, tem um maior número de registros. “Acredito que essas fotos falam até muito de nossa cidade, de uma forma nada óbvia. As fotos são muito reveladoras das marcas de um tempo, de um povo e das nossas insignificâncias”.

Natural de Bom Despacho, Pablo trabalha com diferentes meios como cinema, fotografia, instalação e objeto. No cinema, ele foi um dos criadores do coletivo Teia – Centro de Pesquisa, em 2002. Na produtora, realizou o longa-metragem “Acidente” (2006), premiado como melhor documentário ibero-americano em Guadalajara, no México.Reprodução Internet – Fotos foram postadas primeiramente no Facebook

 Contagem Regressiva
Entre as suas últimas exposições, estão “Da Natureza das Coisas – Pablo Lobato”, Rio de Janeiro (2016); “Coupure, Latence”, Paris (2014); “Bienal de Sharjah”, Emirados Árabes Unidos (2013); “The Storytellers, Stenersen Museum”, Oslo (2012); “Panorama da Arte Brasileira”, no MAM, em São Paulo (2011); “Neoconcretismo and Contemporary Art from Brazil”, Akademie der Künste, Berlim (2010).

O artista está em contagem regressiva para uma residência artística em Seul, na Coreia do Sul, partindo para a Ásia no dia 26. Ele permanecerá três meses, a convite do Museu Nacional de Arte Contemporânea da Coreia. “Não tenho um tema para trabalhar. Chegando lá que irei formular algo com mais clareza. Diferentemente do cinema, não é a linguagem que dispara um trabalho, mas sim o encontro”, explica Pablo.

Serviço: Lançamento de “RUA” – Hoje, às 11h, na Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho 274, Savassi). Entrada franca.

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