Romulo Fróes leva ousada experimentação ao álbum "Barulho Feio"

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
20/10/2014 às 08:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:41
 (Fernando Eduardo)

(Fernando Eduardo)

Quem ouvir o novo disco de Romulo Fróes, “Barulho Feio” (YB Music), perceberá várias interferências urbanas, como sons de veículos e falas de transeuntes. O interessante é que isso não foi colocado no estúdio, combinando cada ruído com as músicas. Na verdade, está ali, misturada às músicas, a captação integral de barulhos feita pelo próprio artista durante uma caminhada de 45 minutos pelo centro de São Paulo.

“Ouvi o resultado da mixagem enquanto estava no ônibus. Mas a minha música ficava misturada com os sons da rua e pensei: ‘por que não incluo isso no disco?’ Percorri o mesmo tempo do disco entre a Praça da República e a Praça da Sé. O momento em que aparece um pastor falando no disco foi exatamente o momento em que o encontrei na rua. Não editei. Simplesmente aumentei e diminuí o som, combinando com as músicas”, explica Romulo.

Provocação

A ideia se encaixou direitinho com a proposta de “Barulho Feio”, um álbum pensado para incomodar e provocar o ouvinte, tanto pelas letras instigantes de Clima, Nuno Ramos e novos parceiros (Alice Coutinho, Mariana Aydar e outros) quanto pelas sonoridades rasgada do violão de Romulo. Uma combinação que o aproxima do marcante primeiro álbum, “Calado” – que acaba de chegar ao mercado em vinil, em uma edição comemorativa de dez anos.

“Meu barato é desconstruir, provocar estranheza”, diz o artista, que vê no novo trabalho uma forte influência da vivência com seus companheiros de Passo Torto e amigos da geração, como Juçara Marçal. “Claro que ainda ouço Tom Jobim e Milton Nascimento, mas hoje sei que quem me entende melhor são os parceiros que estão ao meu lado”.

Mais uma vez, ele fez questão de evidenciar as letras – que fazem referências à contemporaneidade. São canções-manifesto, segundo o artista. “A música ‘Ó’ é uma provocação para os nostálgicos que insistem em falar que o passado era melhor. Nela, falamos sobre ‘esses chatos que copiam/ entre os mortos que sussurram/ a canção do amor demais’”.

Ainda não há previsão da vinda do show de Romulo (acompanhado por Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Thiago França e Guilherme Held) para Belo Horizonte, mas uma experimentação foi feita no lançamento do álbum em São Paulo.

Enquanto a banda tocava as músicas, nos bastidores, Kiko Dinucci ia soltando os sons da rua. “Quis apresentar o disco como uma peça. Não conversei com o público e mostrei todas as 15 faixas sem interrupção. Foi uma experiência diferente e o público aprovou”, garante.

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