Embora uma recente pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) tenha indicado uma queda de 7,36% na venda de livros como um todo em 2012, o mercado voltado para as publicações infanto-juvenis continua otimista – especialmente pelo investimento governamental na distribuição de títulos para estudantes e bibliotecas.
O mercado pode crescer muito mais se houver uma formação de jovens leitores. E esse é o principal objetivo do 2º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais, que será realizado entre sexta-feira (9) e o dia 18 de agosto, na Serraria Souza Pinto. A expectativa da organização é receber 100 mil visitantes nos dez dias de evento, sendo 30% do público formado por excursões de escolas.
Mais de 200 editoras brasileiras estarão presentes no evento, que vai contar com uma centena de atividades, entre bate-papos, leituras, oficinas, contação de histórias, sessão de autógrafos, espetáculos cênicos, entre outros – veja destaques da programação ao lado.
Segundo a curadora Sandra Bittencourt, a programação foi pensada a atrair as crianças durante o dia (mais lúdica) e os educadores durante a noite (mais crítica).
Foco
A família, mais ainda que a escola, também deve ser atraída para o universo da leitura. "A programação da semana foi pensada nas escolas, enquanto a do fim de semana visa a família. É preciso pensar em atrações que agradem crianças a partir de três anos até os adultos, porque todos têm que ser seduzidos a ter contato com o livro. Tem que ser prazeroso para todos", explica.
Essa preocupação com a família é fundamental para a formação do público leitor. Afinal, não basta colocar livros nas mochilas das crianças se os familiares não estão preparados a receber os preciosos objetos.
"Houve uma vez em que um dos livros de um kit foi devolvido por várias famílias. Era uma obra sobre a amizade entre um menino branco e um garoto negro, que tinha um colar de contas no pescoço nos desenhos. O problema é que as famílias não foram instruídas para receber aquele material", diz Sandra.
Pequenas editoras criam um estande em formato de trem
Como são 200 editoras envolvidas, as empresas independentes devem buscar estratégias diferenciadas para se destacarem num salão com tantos estímulos.
Seis editoras pequenas de Belo Horizonte (Aletria, Dubolsinho, Fino Traço, Mazza, RHJ e Uni Duni) se reuniram para formar um estande que promete ser um dos mais interessantes do Salão: um trem. "A ideia lúdica surgiu em uma de nossas reuniões para mostrar ao público que somos editores com qualidade literária. Cada vagão ficará com uma editora e ali dentro do trem vão acontecer várias ações", afirma Glaucia Gonçalves, diretora da Uni Duni.
Mesmo que 90% do faturamento das editoras desse mercado infanto-juvenil seja de vendas ao governo, ela acredita que as pequenas editoras devem pensar em estratégias para serem competitivas no mercado.
"Por isso nos reunimos em torno do Clube de Editoras Mineiras (CEM). A união é uma alternativa para nos fortalecermos", explica. O Trem do CEM vai promover o lançamento de 31 livros.
Não só o grande volume de compras de livros paradidáticos foi importante para o aquecimento do mercado editorial. Também a Lei 10.639, que institui o ensino sobre África e cultura afro-brasileira nas escolas. Pioneira no foco sobre o universo negro, a Mazza Edições sentiu um grande crescimento desde a aprovação da lei, em 2002. "Até essa época, trabalhava com muita dificuldade.
Lançava cinco livros por ano. Hoje, é praticamente um lançamento por mês", conta a diretora da editora, Maria Mazarello. Um crescimento de mais de 100% em oito anos. "Mas continuo tendo que lutar muito no mercado, pois as grandes editoras também agora apostam nesse nicho".
Aquecimento no Metrô
Embora o Salão só comece oficialmente na sexta, algumas intervenções artísticas já estão sendo realizadas dentro do metrô de Belo Horizonte. Hoje, a Cia. Arrelenque se apresenta às 9h30 na Estação Central.
Serviço
Salão do Livro Infantil e Juvenil na Serraria Souza Pinto (avenida Assis Chateaubriand, 809). Segunda a sexta, das 8h30 às 21 horas; sábados e domingo, das 10h às 21h. R$10. Crianças até 10 anos, professores, bibliotecários e profissionais do livro não pagam.