Sepultura critica ‘robotização’ do mundo

Da Redação
almanaque@hojeemdia.com.br
14/01/2017 às 08:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:25

Sepultura, a banda que não só colocou o Brasil no ringue de gigantes do metal como ainda ousou incorporar ritmos e narrativas regionais em sua sonoridade ultrapassa três décadas de carreira e lançou, ontem, seu 14º álbum.

Com dez faixas, “Machine Messiah” (Sony Music, R$ 30) tece uma crítica ao que Andreas Kisser, músico à frente do grupo, chama de “robotização” da sociedade. “Não podemos perder a capacidade de pensar, de ter pontos de vista. O robô nesse sentido não está ajudando. A gente fica mais preguiçoso e burro, por isso é preocupante”, diz o guitarrista.

O tema não é totalmente novo no repertório da banda. O antecessor “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”, lançado em 2013, bebeu da ficção científica “Metrópolis”, dirigida por Fritz Lang em 1927.

O título, algo como “o mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração”, era a mensagem que o longa transmitia e já preparava o terreno para a crítica que a banda constrói desta vez.

“‘Machine’ se aproxima mais dessa busca pelo equilíbrio, a robotização não é mais ficção científica, mas o que a gente vê hoje”, diz ele, afirmando basear-se no que observa quando está na estrada – a banda já passou por 76 países desde que foi criada pelos irmãos Cavalera, em 1984.

Teor político

Além do fio condutor, o álbum traz o teor político para um patamar concreto. A quarta faixa, por exemplo, foi intitulada “Alethea” a partir de uma fase da Lava Jato. “O Brasil está como São Paulo durante a Lei Cidade Limpa, a gente está tirando as placas”, compara. “É uma oportunidade excelente de o povo se tornar mais cidadão e não jogar tudo nas costas dos políticos, de tirar o outdoor da cara e admitir que também está corrompido”.

Contexto à parte, o disco tem recebido boas avaliações da crítica especializada, em especial pela performance do vocalista Derrick Green. Kisser concorda: “É o melhor trabalho da nossa carreira”.

Ele afirma que o novo álbum superou, inclusive, “Roots”, de 1996, que marcou o gênero ao incluir faixas gravadas em uma tribo xavante e participação de Carlinhos Brown. “Daqui a 20 anos a gente vê se não se tornou um clássico também”.

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