Mesmo sendo celeiro da videoarte no Brasil, com o surgimento, a partir dos anos 1980, de nomes como Eder Santos, Lucas Bambozzi, Kiko Goifman e Cao Guimarães, Belo Horizonte não é muito diferente do resto do país, em que qualquer coisa diferente de uma narrativa com começo, meio e fim é vista com ressalvas pelo grande público. O objetivo do Festival Internacional de Vídeo de Belo Horizonte (Timeline), que chega à sua terceira edição a partir de amanhã, no Sesc Palladium, é lançar luz sobre esse formato, segundo o seu criador Sávio Leite. “Acho importante conhecer outro tipo de narrativa, não tão acessível, mas que tem o seu lugar na história do cinema. A videoarte é experimentação, algo mais onírico”, destaca. Seguindo esse raciocínio, Sávio destaca a importância da exibição de três obras do diretor checo Harun Farocki, falecido em 2014. Ele produziu mais de 100 filmes, abordando questões urgentes da sociedade contemporânea, mas poucos deles chegaram à capital mineira. Serão apresentados “A Saída dos Operários da Fábrica” (1995), “Natureza Morta” (1997) e “Videogramas de uma Revolução” (1992). Sávio assinala que, nos três casos, percebe-se a relação de Farocki com o próprio fazer cinematográfico. No primeiro, ele homenageia o centenário do cinema a partir da ideia do primeiro filme exibido, dos irmãos Lumière, recolhendo outras imagens de trabalhadores saindo de seu local de trabalho. “Farocki trabalhou muito com imagens de arquivo. Em ‘Natureza Morta’, intercala imagens de naturezas mortas dos séculos 16 e 17 e cenas de ateliês de fotografia, criando outros significados”, analisa Sávio. As sessões no Palladium acontecerão até domingo, com entrada franca. A programação completa pode ser conferida na página https://www.facebook.com/events/115796152316120/