Talento e luta de Frei Betto inspiram biografia

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
03/12/2016 às 22:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:56

Um grande articulador, um homem que consegue transitar pelos mais diferentes grupos sociais, de empresários a sem-terra, sem perder a própria essência. É assim que a jornalista Evanize Sydow define o homenageado em “Frei Betto: Biografia” (Civilização Brasileira), que ela escreveu ao lado do historiador Américo Freire. 

“O tempo todo ele faz articulações entre grupos muito diferentes, como entre membros da Igreja, empresários, artistas, intelectuais e integrantes de movimentos sociais. Consegue como poucos transitar por tantos grupos e continuar sendo respeitado”, explica Evanize, ao falar do escritor belo-horizontino que possui uma coluna dominical no Hoje em Dia. 

Segundo ela, a ideia da biografia surgiu há quatro anos, quando Frei Betto concedeu uma longa entrevista para o centro de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas – onde Américo Freire trabalha.

Desde então, os autores fizeram várias entrevistas com Frei Betto e chegaram a acompanhá-lo em viagens – duas delas para Cuba. Para que o livro pudesse ser redigido a quatro mãos, os autores se dividiram em algumas temáticas: a militância política e a prisão do frade no final dos anos 60 ficaram com Evanize, enquanto Américo se debruçou sobre o ofício de escritor do biografado. 

Luta

Segundo Evanize, a imagem de Frei Betto possui um peso midiático muito forte desde os anos 70. A postura crítica do frade sobre os caminhos políticos do país sempre tiveram repercussão tanto no Brasil quanto no exterior. 

“O delegado Sérgio Fleury tinha ódio de Frei Betto por achar que ele era o braço direito de Carlos Marighella. Após uma perseguição que teve repercussão grande na mídia, Frei Betto foi preso e ficou na cadeia por quatro anos. Lá ele começou a escrever cartas que eram publicadas fora do Brasil. Quando ele saiu da cadeia, em 73, já era muito conhecido no exterior”, conta a autora.

Poucos anos depois, o frade passou a trabalhar no ABC Paulista, se aproximando de Lula e outros integrantes do movimento sindical. Na década de 80, ele conhece Fidel Castro e tem uma conversa importantíssima com o comandante cubano sobre o universo metafísico. Dali tirou material para “Fidel e a Religião”, sucesso de vendas no Brasil e em Cuba. Vale lembrar que é Fidel, morto há dez dias, quem escreve o prefácio desta biografia. A autora faz questão de reforçar que o trabalho de Frei Betto faz parte de um contexto político e religioso, pois sua postura é admirada dentro da Ordem Dominicana.

Ele era integrante de um grupo de frades de Belo Horizonte que bateram de frente contra a ditadura militar e a opressão do sistema capitalista. “A luta contra a ditadura é um assunto que está mais atual do que nunca”, diz. 

Serviço: Lançamento de “Frei Betto: Biografia”, com a presença do biografado, no projeto “Sempre um Papo”, no dia 14/12, às 19h, no auditório da Cemig (av. Barbacena, 1200). Entrada franca

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