Grupo ZAP 18 adapta John Fante, ídolo de grandes autores

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
03/10/2012 às 11:28.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:46
 (Bruna Cris/Art&Foto/Divulgação)

(Bruna Cris/Art&Foto/Divulgação)

Por motivos mais que justificáveis, uma porção de grandes autores – o alemão Henry Bukowski e o brasileiro Caio Fernando Abreu, para citar somente dois – admiravam com toda veemência a prosa envolvente de John Fante (1909-1983), de "Pergunte ao Pó" e "Sonhos de Bunker Hill". O fato de o escritor americano ser menos conhecido no Brasil que o merecido, porém, não desanimou Gustavo Falabella a levá-lo ao palco. A tornar "O Ano em que Virei Adulto", em cartaz a partir desta sexta (5), uma ocasião para que até seus próprios amigos possam descobrir o (autor) que estavam perdendo.

Dirigida por Cida Falabella, a montagem ocupa a sede da ZAP 18 durante os dois próximos finais de semana. E a curta temporada integra as comemorações pela primeira década de atividades do núcleo sucessor da Cia Sonho & Drama, no Serrano – bairro realmente distante de quem vive na região central da cidade, mas o currículo dos envolvidos recomenda a viagem.

É uma produção realizada sem recursos públicos: descapitalizada, a companhia não atravessaria um período econômico muito auspicioso: "Este ano não tivemos nenhum projeto aprovado em lei", lastima Gustavo. Um deles, previa chegar a Salvador, Recife e Belém com "Esta Noite Mãe Coragem" e "1961-2012". Duas das sete montagens que a ZAP realizou em 11 anos, desde "Sonhos de uma Noite de Verão", de um ano antes da abertura da nova sede, na Pampulha.

Ritos de transição

Em sala de ensaios desde junho, o novo projeto se deveria à escrita (ágil, de grande poder descritivo da época e humor um tanto cáustico, irônico) de John Fante e às semelhanças entre o que vive o personagem central de "1933 foi um ano ruim" (o título original), garoto que sonha uma carreira no beisebol, e os ritos de transições que o próprio Gustavo atravessaria.

Para encarar o desafio do seu primeiro monólogo, o ator se dispôs a idealizar o projeto, definir os objetos de cena, elaborar (a quatro mãos, com Cida) a dramaturgia. Ao longo de 1h05, o que acontece em cena reproduziria o mundo descrito por Fante (uma comunidade de ítalos-americanos e seu afetos, durante os anos 1930, e o universo do beisebol, de regras um tanto distanciadas para nós, brasileiros) e o que o ator que se dispôs a expor sobre si mesmo. De maneira bem clara, diz, a quem for assistir.

Outra montagem

Aos 30 anos, jornalista apenas esporadicamente, o teatro sempre se impôs a Gustavo como caminho central. Um caminho inevitável. Afinal, ele é filho de Cida e Carlos Rocha, dois dos nomes mais respeitados da cena teatral mineira. Nestes 11 anos de ZAP 18, Gustavo viria assumindo responsabilidades como ator, produtor, jornalista e professor, inclusive do projeto Arena da Cultura.

Além das demandas de seu grupo, ele substitui Alexandre Vasconcelos em "A Mulher sem Pecado", da Cia Arlecchino, que faz carreira notável em Minas e fora daqui. Enquanto "O Ano em que Virei Adulto" chega ao palco (mais informações no roteiro), os alunos da oficina que a ZAP 18 oferece a iniciados se preparam para estrear em novembro uma montagem sobre vida e obra de Bertolt Brecht.

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