"Hell", drama de Lolita Pille, em cartaz no Teatro Sesiminas

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
13/09/2012 às 10:30.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:14
 (João Caldas/Divulgação)

(João Caldas/Divulgação)

Membro fundador do Espanca!, grupo teatral mineiro que atraiu as atenções do país ao se lançar com "Por Elise", Paulo Azevedo decidiu radicar-se em São Paulo. Há quatro anos, foi em busca de novos desafios. Na Pauliceia, plantou férteis parcerias que o conduziram também à direção, sem prejudicar a carreira que primeiro o notabilizou. Como ator, Paulo já visitou a cidade com "Raptada Pelo Raio", da Cia Livre.

Mas na visita de agora atinge um outro patamar de visibilidade ao seu trabalho, ao contracenar com Barbara Paz em "Hell", atração do Teatro Sesiminas, apenas sexta (14) e sábado (15).

Distinguido pelo jornal "O Globo" como um dos dez melhores espetáculos em cartaz no Rio, na temporada de 2011, o espetáculo é dirigido pelo cineasta Hector Babenco.

Babenco

Argentino naturalizado brasileiro, Babenco experimentou significativo reconhecimento da crítica (inter)nacional ao realizar "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981). Como visionário, o premiadíssimo longa-metragem antecipava o alastrado envolvimento de menores na contravenção que a realidade brasileira registra nos dias de hoje.

Indicado ao Oscar de 1986 pela direção de "O Beijo da Mulher Aranha", profissional essencialmente dedicado ao cinema, Babenco realizou poucas, mas admiráveis incursões ao teatro, onde já dirigiu "Loucos de Amor", de Sam Sheppard, em 1988, e "Closer", de Patrick Marber, em 2000.

É dele a adaptação de "Hell". Segundo Barbara, sua mulher, premiada como Melhor Atriz pela revista "Quem" por este trabalho, Babenco teria enxergado uma peça para dois atores desde a primeira leitura do romance de Lolita Pille.

Lançado em 2003, inclusive no Brasil, "Hell Paris 75016" (título original) transformou-se em notável fenômeno editorial. Foi traduzido em diversos idiomas e países pelo mundo. Descreve com inequívoca coloração realista fatos & fotos do cotidiano de jovens endinheirados parisienses, o que acabou por tornar a autora persona non grata a amigos e a determinados endereços, embora ela nunca admitisse ser autobiográfico o que relata.

Na estreia como escritora – ela lançaria mais dois livros em seguida, "Bubble Gum" e "Crepuscule Ville", sem despertar mais tanto interesse nos leitores –, Lolita Pille relata certa espécie de viagem. Em alguma medida, repetitiva e tediosa, ao inferno (motivo do título) das drogas, do sexo sem compromisso, dos lugares elegantes, da moda.

Retrato de época

Antes de o espetáculo tornar-se tão recomendado, Barbara Paz chegou a temer pela recepção de publico à saga da garota "arrogante, fútil, superficial". Mas mudou radicalmente de opinião ao notar como ele falava profundamente a espectadores de variadas faixas etárias e econômicas. Como legítimo retrato de época, de uma geração.

"Um tiroteio": é como Barbara Paz avalia a direção de Hector Babenco

De malas prontas para 15 dias de estudos em Moscou, ao lado de outros 30 atores do mundo todo, Paulo Azevedo foi surpreendido pelo inesperado convite para um teste. Nem imaginava que outros 14 atores disputavam o papel que Ricardo Tozzi deixara.

Um mês depois, o mineiro já estava em cena. E ali tinha início um período de enorme visibilidade, de imensa satisfação artística, desde que radicou-se em São Paulo. Mesmo a custa de ter que adiar o desejo de aprofundar-se na metodologia teatral russa, que travou contato através do ECUM.

Ator, jornalista, produtor, dramaturgo e diretor, Paulo é um profissional obstinado que tem sabido suprir com empenho, com notável sinceridade, as lacunas com as quais se defronta. "É um grande ator, um grande colega, um amigo", desmancha-se Barbara, a quem o ator devolve os elogios com outros superlativos.

Os dois são unânimes também quanto ao valor do espetáculo. Ainda que a direção torne melhor o que o texto sugere, a identificação que ele provoca nas pessoas.

Babenco sublinharia o tal "retrato de época, de geração" sobretudo através da palavra, da iluminação, da trilha sonora, da ênfase narrativa empreendida pelos atores. "É como um tiroteio", reforça Barbara, atriz de muitos talentos que o grande público só passou a tomar conhecimento ao vê-la integrar um dos primeiros realities shows veiculados pela TV nacional.


Serviço

Hell, no Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Sexta e sábado, às 21 horas. Ingressos a R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 12 (Sinparc). Informações: 3241-7181.

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