Teatro carioca inocula o vírus do coloquialismo

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
25/07/2012 às 11:49.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:50
 (Junior Aragão/Divulgação)

(Junior Aragão/Divulgação)

Assolado há muitas décadas pela proximidade tóxica da máquina global de produzir celebridades, o teatro carioca inocula um novo vírus: uma espécie de coloquialismo com o qual a Cia dos Atores elimina os níveis malfazejos do colesterol da cena e nos seu copiadores só se aproxima do naturalismo das novelas das seis.

O vírus acomete abusivamente "Trabalhos de Amores Quase Perdidos", montagem escrita e dirigida por Pedro Brício, em cartaz até a última terça-feira (24) pela 13ª edição do festival Cena Contemporânea (DF). Declaradamente inspirado no texto de Shakespeare, ao qual acrescenta um "quase" ao título, Brício se propõe a abordar relações de (des)afeto entre quatro jovens personagens, interpretados por Branca Messina, João Velho, Lucia Bronstein e Pedro Henrique Monteiro.

(Des)amores é uma fonte sem fim para a dramaturgia, para qualquer criação. Pedro Brício, porém, faz de "Trabalhos" uma interminável conversa sem maiores consequências ou aprofundamento. Mero blábláblá levado a sério, como se fosse ouro.

Autor premiado, diretor e autor muito estimado, Brício se equivoca completamente nessa montagem. Confunde com bugalhos o que na Cia dos Atores e nos trabalhos para criança (e adultos) já dirigidos por Cristina Moura são virtudes. E pratica o mesmo pecado de Felipe Rocha, que recentemente trouxe ao Galpão Cine Horto duas produções da sua Cia Foguetes Maravilha, igualmente frouxas em maneiras e intenções.
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